A PhotoEspaña 2015 homenageia a América Latina e traz vários fotógrafos brasileiros para esta edição como o pernambucano Marcio Vilela. Nascido em Recife, Vilela expõe “Estudo cromático para o azul”, resultado de dois anos de investigação para retratar o espaço na galeria madrilenha Slowtrack.
A exposição de Marcio Vilela gira em torno das possibilidades de fotografar a atmosfera. “Sempre coloco um desafio nos meus trabalhos e havia várias questões: como fotografar o espaço? Como chego ali? O objeto final é o azul, mas essas perguntas foram a base para o projeto” completa o fotógrafo que também é professor na Escola Superior de Tecnologia de Tomar, em Portugal.
Para concretizar este projeto, o artista contou com a ajuda de três engenheiros aeroespaciais do Instituto Superior Técnico de Lisboa e teve que pedir autorização para a Aeronáutica portuguesa para lançar o balão e filmar o espaço aéreo. Realizados os trâmites burocráticos, Vilela acoplou uma câmera fotográfica a um balão meteorológico e este subiu a uma altitude de 38 mil metros.
“Comecei a pesquisar possibilidades de mandar a câmera para o espaço” conta Marcio Vilela “escolhi utilizar um balão meteorológico, feito de látex, que se expande e tem um ponto de ruptura. Assim quando ele arrebentou, abriu um paraquedas e voltou a Terra” explica Vilela acrescentando que o balão foi lançado em Leiria, próximo a Nazaré, em Portugal, e recuperado a 150 km do daquele local.
“Payload After Crash 2015”, de Marcio Vilela. O balão e a câmera fotográfica voltam para casa.
O resultado são fotografias de diferentes tonalidades da cor azul tomadas de altitudes 10.000 metros, 20.000, 30.000, 38.000 onde o azul claro se torna negro. “O céu só é azul por causa da atmosfera, porém à medida que o ar fica mais rarefeito, o céu se converte em negro” conta Vilela que mora há 13 anos em Portugal.
Além das fotos, é exibido o vídeo que registrou a trajetória do balão pelo espaço e objetos relacionados à investigação como revistas, gráficos, polaroides dos primeiros lançamentos do balão e uma coleção de 45 selos sobre o tema cujo tema é balão meteorológico.
As pesquisas Marcio Vilela estão sempre relacionadas com a paisagem como a série que fotografou repetidamente uma casa durante dois anos e acompanhou a natureza tomando conta da residência. Agora, se prepara para o projeto “Previsão de deriva” onde ficará em uma balsa de sobrevivência, perto das ilhas Berlangas, durante quatro dias. Novamente contará com o auxílio da Marinha portuguesa e do Instituto Hidrográfico para registrar suas impressões. “O desafio, dessa vez, será que a balsa volte à costa. A ver onde vai parar…” completa. Aguardaremos o resultado.
Informações
Exposição – fotografia: Estudo cromático para o azul, de Marcio Vilela .
Onde? Galeria Slowtrack, calle Cañizares 12 – Metrô Antón Martin, L1.
Quando? De 28 de maio a 15 de julho. De terça a sexta: 10:30h – 14:00 e 17:00 – 21:00. Sábado: 11:00 – 14:00. Segunda: fechado.
Quanto? Gratuito
Brasileiros na PhotoEspaña: Mário Cravo Neto, no Real Jardim Botânico; uma coletiva na Casa de América na qual participa Paulo Fehlauer; trabalhos de Alair Gomes ao lado de vários fotógrafos latino-americanos no Palácio Cibeles; e em julho, Ding Musa inaugura sua mostra na Tabacalera. Aproveitem!
Juliana Bezerra escreve neste espaço e no blog Rumo a Madrid.
[…] Márcio Vilela – outro brasileiro que participa do Off-PhotoEspaña. Na galeria Slowtrack, Vilela nos mostra sua aventura – literalmente – em fotografar o espaço e descobrir que o céu não é azul e sim, preto. […]
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