Um ano após rejeitar qualquer intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA) na crise da Venezuela, agora é Caracas que recorre a este órgão, com sede em Washington, diante do mesmo cenário. A razão seria denunciar a decisão do Governo de Barack Obama de declarar a Venezuela como uma ameaça “incomum e extraordinária” aos interesses dos Estados Unidos. Obama também emitiu sanções contra sete funcionários venezuelanos aos que Washington acusa por envolvimento na repressão dos protestos realizados há ano e também por corrupção.

Caracas solicitou uma sessão extraordinária do Conselho Permanente para o dia seguinte. A idéia é aproveitar a presença de vários ministros de Relações Exteriores, na próxima quarta-feira, para a escolha do novo secretário-geral da entidade. Só há um candidato oficial, o ex-ministro uruguaio Luis Almagro.

A ação de Washington foi denunciada como “aberrante e ilegal” pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que além de solicitar poderes especiais ao Congresso venezuelano para “enfrentar o imperialismo” tratou de buscar respaldos na região. No sábado, a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) realizará uma reunião em sua sede, em Quito (capital do Equador), tendo a Venezuela como único tema da agenda.

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Daqui a cinco dias, a reunião da OEA na capital dos Estados Unidos terá como atrativo o fato de que a denúncia pelas ações norte-americanas será apresentada pela ministra de Relações Exteriores da Venezuela na sede da OEA, a apenas algumas centenas de metros da Casa Branca, local de onde partiram as sanções.

A decisão de recorrer à OEA, embora lícita – porque a Venezuela é membro da única organização que inclui todos os países da região (menos Cuba, por uma decisão do próprio país) –, não deixa de ser paradoxal. Caracas nunca perdeu a chance de ressaltar a “irrelevância” desta organização e rejeitou de forma contínua qualquer ação por parte dela que classificasse como uma “ingerência” em seus assuntos internos.

Fonte: El País