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Falei hoje com minha mãe ao telefone e como de costume os temas foram variados, desde viagens, passando pelas dificuldades da vida no Brasil à reforma da nossa casa. Tudo temperadinho com certezas, incertezas, confissões, sonhos, desejos de uma vida melhor, saudade e os problemas que toda família deve ter (imagino e é o que sempre escutei). Em um determinado momento, com a sabedoria que todas elas têm, me disse “viajar é bom, nem que seja para o quintal do vizinho colher mangas!” e “por quê, mãezinha?” – perguntei – “ porque você aprende sobre a vida!”. Sim, é verdade. Você aprende de tudo. Existe uma frase de Proust (ainda que não tenha lido dele o quanto deveria ou gostaria) que diz o seguinte: “A verdadeira viagem da descoberta não está em ver novas paisagens, mas em ter novos olhos”. Misturando bem o pensamento de Dona Creusa com uma pitadinha do de Proust, chego à conclusão que é importante, é ideal, é imprescindível sair do seu lugar,ainda que seja à cidade mais próxima, à rua do lado mas que aonde for, veja a beleza, olhe com os olhos da alma, pare para conversar e conhecer de verdade (não somente para a foto) mas como quem vive uma experiencia que levará pelo resto da sua vida, algo que será só seu! “ Ando por onde andas, vejo pelas lentes dos teus olhos e a pureza do teu olhar” – trecho de um poema de meu pai, seu Nivaldo, amigo com quem gosto muito de conversar e que também pensa como Proust e Dona Creusa sobre a necessidade de tentar ver o dia-a dia de uma maneira diferente.

Com esse pensamento na mochila fui chinelar por aí, coisa que gosto muito de fazer. Se esse verbo existe em português eu não sei mas fui à São Francisco, berço e centro da cultura hippie, do flower power e da famosa Golden Gate. Sim, as pessoas são gentis, como diz a música (realmente gentis) e a cidade com suas ladeiras imensas, muitas com belas vistas ao Pacífico, convida a longas caminhadas (se o fôlego permitir) ou a tomar uma das muitas opções de transporte público: bondinhos, ônibus elétricos, bicicletas, etc. A qualquer lugar que vou tento buscar o cheiro caracteristico, algo que fique registrado em minha memória, como uma pessoa e seu perfume preferido. A cidade cheira a brisa marinha, a sal, a frutos do mar! Pare por um momento. Imagine você, querid@ leit@r, dando aquela respirada profunda quando chega à praia. Sentiu? Seguimos então e falemos de comida, meu tema favorito. Chineses, espanhóis, irlandeses, afro-americanos, alemães, nativos Americanos e polinésios, toda essa gente veio, se instalou e ajudou a construir a cidade na época da corrida do ouro e contribuiu com a imensa variedade gastronômica que podemos encontrar hoje em dia. Do hamburger às empanadas argentinas; do dim sum em Chinatown à pizza italiana (me lembrou muito São Paulo), do que você tiver fome. Tive a oportunidade de conversar com alguns artesãos, padeiros e confeiteiros em uma das minhas andanças pelo Mercado e recomendo Biscuit Bender de um rapaz chamado Van Dao que vende coisas deliciosas (foto 1); Frog Hollow Farm (foto2) e El Porteño (foto3) com suas empanadas que foram escolhidas uma das 10 melhores para comer em São Francisco antes que você bata as botas (um pouco trágico mas morreria feliz!).

Nessa e muitas outras viagens que já fiz tentei ver com os olhos da alma, inclusive àquela ao quintal do vizinho colher cirigüelas (para quem nunca ouviu falar, é uma fruta com sabor entre cajú e acerola muito comum no nordeste do Brasil) e a sensação de estar ali, presente, saboreando, sentindo, registrando tudo é inigualável. Recomendo e pergunto: qual será sua próxima viagem? Para terminar essa conversa que não tem fim, uma receitinha para tomar com um vinho californiano (se for possível) ou com qualquer vinho que queira. São uma delicia!!

Bolachinhas de queijo cheddar

1 xic/farinha de trigo – pitadinha de sal – 4 colheres de sopa de manteiga sem sal – ½ xic. De queijo cheddar ralado (ou qualquer outro queijo de sabor forte da sua preferencia) – 2 ½ colheres de sopa de agua gelada – ¼ colher de chá de de vinagre de cidra (dá um zing no sabor). MIsture farinha e sal. Acrescente a manteiga gelada e de maneira rapidinha incorpore à farinha até parecer areia da praia. Acrescente o queijo ralado e misture bem. Misture a àgua e o vinagre e acrescente aos poucos até que sinta que está incorporada mas nao super molhado. A massa tem que ficar bem homogênea. Você pode dar uma trabalhada mas nao muito. Cubra com filme plástico e deixe descansar por pelo menos 30 hora. Asse em forno pré-aquecido a 180C por 30 minutos, com as bordas douradas (conheça seu forno!!!!).

TRUQUE: enrole a massa antes de ir à geladeira em forma de tubo. Quando estiver geladinha, corte em forma de moedinhas e asse em tabuleiro forrado com papel de forno.

Biscuit Bender

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     Frog Hollow Farm IMG_5931

El Porteño

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