Sejamos francos: o que, de fato, o Evandro sabe a respeito de homossexualidade? E desse conteúdo, o que está embasado em critérios científicos? E sobre aborto? Pena de morte?
 
Sinto desapontar. Parece que, no mais das vezes, a reflexão desenvolvida por ele sobre esses temas tem a profundidade de uma frase dita pelo Faustão. Leitura? Nenhuma. Apenas alguns preconceitos reorganizados. Por conta disso, em geral, toda sua bagagem não resiste a um “como?” e a um “por que” minimamente bem formulado. Não consigo pensar em outra coisa mais positiva, quando vejo, ouço e leio gente séria falando sobre o assunto, expondo com rigor toda a complexidade de cada um desses temas. A essa ausência de superficialidade, eu chamo respeito genuíno às pessoas que se diferenciam do paradigma pregado por uma sociedade corrompida, que banaliza a vida.  
 
O que fazer se o pobre Evandro não se dá conta de que, durante décadas sem fim, ele não fez mais do que alimentar a certeza de que uma forma eficaz de atingir um homem na sua honra era chamá-lo de “viado” e “pegar todas” para provar a sua virilidade? Eis até onde ele foi na obtenção de conhecimentos sobre o que significa ter preferência por pessoas do mesmo sexo. Não podemos condená-lo por isso.
 
Mas então chegou o dia em que pensou ter evoluído. Foi mais ou menos quando alguém o alertou “Olha, diz que agora tem aí um tal de ‘politicamente correto’, e que não fica bem chamar o outro de ‘bicha’, isso é feio e pode até dar cadeia.” Nesse momento, ele vestiu uma frágil camada de verniz, mudou artificialmente o vocabulário e jurou por Deus que vivia outros tempos. Isso desde que um homossexual ou negro não cometesse o desplante de querer fazer parte da sua família ou…
 
Lamentavelmente, nessa “pátria educadora” chamada Brasil, o preconceito sempre muda de nome e de cara. O objetivo claro é não ser facilmente identificado e conseguir se perpetuar sem que o molestem. O gosto pela superficialidade produz muito mais pessoas que desistem do que as que fracassam no trabalho de fazer a diferença na transformação indispensável nos dias de hoje. Assim, entramos na classificação contundente usada por Jesus para identificar algumas pessoas do seu e do nosso tempo: “sepulcros caiados”. Que Deus nos livre dessa marca profunda. Amém. ®
 
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   Rubens Marchioni é publicitário, jornalista e escritor. Sócio da Eureka! Assessoria em Comunicação Escrita. Colunista da revista espanhola Brazilcomz, da canadense BrasilNews e da americana BrasilUsa Orlando. Publicou Criatividade e redação. O que é, como se faz; A conquista. Um desafio para você treinar a criatividade enquanto amplia os conhecimentos e Câncer de mama. Vitória de mãos e mentes, este último sob encomenda. – [email protected]http://rubensmarchioni.wordpress.com