Por Geovane Mascarenhas, diretor, ator e professor de teatro (Bahia)

Verão no Brasil é sinônimo de calor, novos hits da música, cerveja gelada, carnaval e comédias… Opa! Comédias?

Isso mesmo! As grandes capitais brasileiras, os grupos teatrais e produtores apostam no gênero nessa época que parece combinar com as temperaturas elevadas, os dias longos e no Brasil e um clima de malícia no ar.

Aristóteles (384 a,C), que distingue o homem pelo vício ou virtude, defende em sua teoria, ser a comédia “a imitação de homens inferiores, não, todavia, quanto a toda espécie de vícios, mas só quanto àquela parte do torpe que é o ridículo.”

Sim, por que o homem é o único animal que ri e ele só ri de si mesmo! Apostando nessa identificação que o gênero propicia ao público em tempo de muito calor, é que atores como Frank Menezes e Lelo Filho falam sobre seus espetáculos: Um acaba de estrear em pleno verão de 2016 e o outro não sai de cartaz do verão baiano desde 1988 – são 28 anos levando aos palcos de todo o Brasil, personagens tipos que extrapolam a teoria Aristotélica levando o público à gargalhadas através da marca besteirol, um humor anárquico que monta uma caricatura do comportamento cotidiano e que ganhou força na década de 1990.

“O corrupto”, é o primeiro texto, terceiro monólogo e vigésimo quinto espetáculo de Frank Menezes que, com essa temática, ganha ainda mais projeção tratando do atual panorama político brasileiro. O personagem, tão habitual para nós, é interpretado por um dos grandes atores baianos que, também, se destaca na TV e que possui um perfeito “time” cômico, cheio de ironia refinada.

1136_906573129456657_6230104035701112057_n Foto 1 Foto 2(fotos:Andréa Magnani)

O ator define O Corrupto como, “um espetáculo leve, divertido, onde o personagem é um professor que está dando uma aula de recuperação num curso de corrupção, pela quinta vez. Uma grande brincadeira com a nossa aceitação e adaptação sobre a deturpação dos valores que nos levam a decidir o que queremos, o que devemos e o que podemos fazer”. Frank ainda destaca que “nós brasileiros temos este talento nato, de ter humor para enfrentar nossas mazelas”.

O produtor e ator Lelo Filho, é o interprete da personagem mais emblemática do teatro baiano: Fanta Maria, que já ultrapassou os limites do tablado e parece ganhar vida no imaginário do público que admira o espetáculo A Bofetada. O ator afirma fazer temporadas no verão por que, na Bahia, a peça tem em sua plateia cerca de 40% de turistas nesse período e que, “parecer lugar comum dizer que o verão proporciona esse desejo do público em estar conectado com a alegria, mas isso se confirma porque a música, as festas, o carnaval e o humor parecem realmente ganhar um aumento na demanda do público em cada evento. Claro que, para o teatro, arte tão artesanal, é mais delicado encontrar espaço para ser divulgado nesse período do ano, mas a referência do humor nos palcos continua sendo o gênero preferido por aqui.

A BOFETADA Diogo Lopes Filho e Lelo Filho. Foto Equipe Mercury _MG_8774(A Bofetada: Diogo Lopes Filho e Lelo Filho. Foto Equipe Mercury)

A BOFETADA Lelo Filho Mari o Bezerra Diogo Lopes Filho e Marcos Barretto. Foto Dedeco Macedo IMG_3325(A BOFETADA- Lelo Filho, Mario Bezerra, Diogo Lopes Filho e Marcos Barretto. Foto: Dedeco Macedo)A BOFETADA Marcos Barretto Mário Bezerra Diogo Lopes Filho e Lelo Filho. Foto Dedeco Macedo IMG_3252(A BOFETADA: Marcos Barretto, Mário Bezerra, Diogo Lopes Filho e Lelo Filho. Foto: Dedeco Macedo)

O verão baiano está prestes a acabar, as comédias continuarão em cartaz. Se aproxima uma nova estação, será ela um advento de novos gêneros teatrais?

Na nossa próxima coluna, vamos conhecer os projetos que fomentam plateias e produções teatrais no interior baiano.

Aguardem!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Geovane Mascarenhas (Diretor