A LITERATURA DE CORDEL E SUA IMPORTÂNCIA A SER RESGATADA FORA DO PAÍS
Esta semana vamos dedicar o Café com LetraZ aos projetos realizados no DIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, em especial destacando: “Vozes do coração do Brasil”, idealizado e implementado pela professora Janaina Perpetuo da Silva – nossa entrevistada com quem tomaremos o CAFÉ. O projeto “Vozes do coração do Brasil”, assim como os demais que tem sido desenvolvidos durante a comemoração do “Dia da Criança e do Adolescente” na Casa do Brasil, foi um sucesso. A ideia deste projeto surgiu a partir da iniciativa do Consulado Geral do Brasil em patrocinar atividades culturais envolvendo logicamente nossa cultura e/ou língua. Não é a primeira vez que Janaína participa com projetos como este. No ano anterior, escreveu ela mesma uma peça de teatro chamada: “A MENINA QUE EM FLOR SE TRANSFORMOU” a qual foi dramatizada pelos seus pequeninos alunos: um sucesso rotundo em duas palavras. Todos saíam da experiência cada vez mais motivados e apaixonados pela língua de Camões…
Durante a entrevista à professora Janaína, realizada dia 24/10/2014, em sua aconchegante e musical residência, no bairro de “Embajadores”, enfatizamos não só seu projeto, mas de uma forma geral, abordamos outros projetos além da comemoração do “Dia da Criança e do Adolescente”. Como é celebrado este dia na Espanha; qual é a sua motivação em escrever projetos como este; porque foi escolhido o tema do Cordel; que retorno tem tido esse tipo de projeto; e a opinião do público sobre os mesmos – estas foram algumas das perguntas formuladas. Solicitei que, durante a entreviZta, Perpétuo falasse um pouquinho sobre outros projetos implementados neste ano em especial.
Eu pessoalmente compareci ao “Dia da Criança e do Adolescente” na Casa do Brasil este ano e no passado também e pude comprovar de perto, ao vivo e à cores, como se deu e em que nível foi feita essa implementação. Além da professora Janaína, conversei com várias pessoas lá, inclusive com Renata Loretoch, uma psicóloga especialista em terapias com pais e filhos, participante em uma das ‘oficinas’ que me relatou em que consistia seu projeto mostrando-me vários textos selecionados por ela dirigidos à reflexão dos pais. Também com a coordenadora das atividades, Virgínia, que vestia uma camisa do “Dia da criança e do Adolescente” e tranças nos cabelos. Identifiquei-me a ela e perguntei-lhe se poderia entrevistar alguns pais e/ou crianças para o meu BlogZ da Revista Brazil com Z. Mas, depois decidi que não era conveniente pois foi uma ideia que me surgiu de última hora, sem nenhum tipo de planejamento, o que me fez crer que não teria sentido, porém de todo jeito tive a oportunidade de conversar com os participantes, debatemos ideias, tenho os comentários apontados – o que já valeu a visita ao recinto. Virgínia me apresentou também à palestrante do evento: Cristina Laorga, quem daria uma conferência sobre “empreendedorismo” (logicamente dirigida aos pais e ao público adulto ali presente), mas em seu caso em particular, houve tantos imprevistos durante seu percurso que, lamentavelmente não conseguira encontrar o local, chegando muito atrasada, cancelando-se assim, lamentavelmente, a palestra.
A novidade deste ano, segundo Janaina, comparando com o ano passado e anos anteriores é que neste em especial puderam participar do evento não só crianças brasileiras ou filhas de brasileiro(a)(s) mas também qualquer criança que tivesse algum vínculo com o Brasil, como casos de babás brasileiras que levaram seus pupilos espanhóis ao evento.
Entre as atividades infantis destacamos várias atrativas e interessantes. Lá, as crianças pintavam suas carinhas (“Pintura Artística Facial” com Suely Andreatta), aprendiam dobraduras de papel (“Origami” com Helber Moraes), escutavam contos infantis (A “Hora do Conto” com Carol Carpizo), escreviam e liam gibis brasileiros como os da Luluzinha, Turma da Mônica, Zé Carioca e outros (com direito a ‘concurso de desenho’ e tudo mais), além claro, do “cineminha” brasileiro dirigido ao público infantil, realizado ao longo do ano.
Segundo a professora Janaina Perpetuo, o objetivo principal deste tipo de evento, além de, claramente, comemorar o dia 12 de outubro (que curiosamente este ano foi celebrado uma semana depois, no dia 18/10/2014) é o de propulsar a difusão no exterior de nosso bem mais preciso: a nossa língua portuguesa! Um bem mais que valioso e que merece os nossos aplausos e toda nossa ovação. Parabéns crianças pelo seu dia e parabéns aos organizadores e aos participantes do projeto!
O que é Literatura de Cordel?
Segundo, Janaina, a Literatura de Cordel é uma modalidade de poesia, que já foi muito estigmatizada, mas hoje em dia é bem aceita e respeitada, tendo, inclusive, uma “Academia Brasileira de Literatura de Cordel”. Devido ao linguajar despreocupado, regionalizado e informal utilizado para a composição dos textos, essa modalidade de Literatura nem sempre foi respeitada, e já houve até quem declarasse a morte do Cordel, mas ainda não foi dessa vez… Jana aclara que é um tipo de Literatura criativa, simples e sensível ao mesmo tempo, que fala aos nossos corações, devido a identificação imediata que ela provoca por tratar de temas tão humanos como cotidianos, tão simples como comuns – temas da vida diária…
No Brasil, prevalece a produção poética, mas em outros locais nota-se a forte presença da prosa. A forma mais frequentemente utilizada é a redondilha maior, ou seja, o verso de sete sílabas poéticas. A estrofe mais comum é a de seis versos, chamada sextilha. E o esquema de rimas mais comum é ABCDB.
Qual a função deste tipo de literatura?
Fazer críticas sociais ou políticas usando a ironia e/ou sarcarmo como tempero em suas letras de músicas; usar uma imagem estereotipada como personagem também é muito comum, umas vezes criticando a exclusão social e o preconceito, outras vezes fazendo uso dos mesmo através do humor sarcástico. Além dos termos “engajados”, se podemos chamá-los assim, há também cordéis que falam de amor, relacionamentos pessoais, profissionais, do cotidiano, de personalidades públicas, empresas, cidades, regiões, etc.
Uma das características desse tipo de produção é a manifestação da opinião do autor a respeito de algo dentro da sua sociedade. Os cordéis não tem a característica de serem impessoais ou imparciais, pelo contrário, na maioria das vezes usam várias técnicas de persuassão e convencimento para que o leitor acate a ideia.
Mas afinal, quem é Janaína Perpétuo da Silva?
(A “Jana” para os íntimos)
Janaina Perpetuo da Silva é natural de Centralina – Minas Gerais, onde nasceu a 31 de janeiro de 1972. Começou a escrever poemas aos 11 anos. Seu primeiro poema foi “ET, o extra terrestre”. Janaina cresceu na cidade de Uberaba-MG, onde estudou e trabalhou. Conheceu a Literatura de Cordel no curso de Letras da Universidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Há 7 anos reside em Madri – Espanha, onde se especializou na área de línguas, artes e culturas portuguesa e espanhola. Faz parte da associação ASSILIM.
Atualmente trabalha como professora de língua portuguesa para estrangeiros na Casa do Brasil: Colegio Mayor Universitário, na GP Training – Banco Santander, BAi – Escuela de Empresa y Comunicación. Foi Profissional de Apoio Técnico para Linguística e Execução do Projetos Educativos e Culturais (PDLC) – Curso de Capacitação – Português como Língua de Herança (POLH). É casada com o músico Arturo Ballesteros, mas ainda não têm filhos. Já venceu 3 concursos do gênero poesia para estrangeiros na Escola Oficial de Idiomas. Todos os concursos foram vencidos em primeiro lugar. É a criadora, do projeto “Vozes do Coração do Brasil: Literatura de Cordel”, projeto selecionado pelo PDLC de 2013 – Ministério Exteriores no Brasil e Consulado do Brasil em Madri. O projeto é destinado ao público infanto-juvenil residente na Espanha, no qual foi apresentado também um recital de poesia, criado pela mesma, com a participação das crianças do mini-curso, no dia 12 de outubro do mesmo ano. Em 2014, trabalhou na festa do “Dia das crianças”, auxiliando a outros colegas no evento.
ENTREVISTA INTEGRAL: https://www.youtube.com/edit?video_id=EOcqjG5gTkk
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Realmente estão todos de parabéns, parabenizo aos organizadores, aos participantes e suas oficinas todas feitas com muita dedicação e carinho e em especial à nossa convidada: Janaína Perpétuo da Silva, pela gentileza e amabilidade em conceder-nos a entreviZta. Lembro-me bem do evento, naquele dia se respirava uma mistura de harmonia, docilidade e ludismo – a inocência estava no ar… As crianças participantes se comportaram muito bem, assim como seus pais (rsrsrsrs). No final, houve uma participação teatral muito especial – A HORA DO CONTO: “Descubra um país sensacional”- com Carol Carpizo, que nos fez viajar por todos os Estados brasileiros, explorando seus pontos fortes fazendo-nos conhecer entre os presentes pois tínhamos na plateia pelo menos um representante de quase todos os estados (do Distrito Federal só havia um: eu mesmo) e seus bens mais preciosos: sua cultura, seu folclore! Ao final para encerrar com chave de ouro cantamos todos juntos um karaokê de “Aquarela do Brasil” de Ary Barroso. Resumindo: “foi um dia maravilhoso!”
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