A organização não governamental (ONG) Human Rights Watch denunciou hoje (12) a violação de direitos trabalhistas em fábricas têxteis do Camboja subcontratadas por marcas internacionais, com casos de trabalho infantil e de discriminação de grávidas.

“As mulheres são as mais afetadas pelas violações de direitos”, já que representam “90% do total dos trabalhadores”, disse Aruna Kashyap, representante da ONG, em comunicado.

A organização mostra em relatório, com base em entrevistas com trabalhadores, ativistas, sindicatos e representantes das empresas e do governo, vários casos de exploração, como a recusa em conceder licença por doença ou maternidade.

“Pediu baixa e foi negada (….). Chorava de dores, mas continuou a trabalhar porque tinha medo que não lhe renovassem o contrato”, diz a ONG, no comunicado referindo-se ao testemunho de Lay Thida sobre uma colega grávida, funcionária de uma empresa subcontratada.

Outra entrevistada, Nheoum Soya, reconheceu que decidiu “abortar para ir trabalhar de novo”.

Segundo a organização, muitas empresas não renovam os contratos de curta duração, os quais, de acordo com a lei cambojana, devem ser de dois anos, para evitar o pagamento de licenças-maternidade e de outros benefícios.

Os trabalhadores não querem filiar-se aos sindicatos porque estão muito preocupados com a renovação. Temos famílias para manter”, disse Tola Sovann, que também trabalha para uma subcontratada de uma grande empresa.

Kashyap lembrou que o Camboja tem lei bastante rigorosa, que protege os direitos dos trabalhadores, mas que muitas fábricas não a cumprem, sobretudo as pequenas, subcontratadas por grandes marcas.

“Muitos dos piores abusos ocorrem em fábricas menores porque ninguém as controla, incluindo o governo”, disse a representante da Human Rights Watch.

Desde 2001, as condições de trabalho nas empresas exportadoras do setor têxtil cambojano são controladas pelo Better Factories Cambodia (BFC), organismo criado em contrapartida ao acordo que permitiu aos Estados Unidos o acesso a produtos manufaturados no Camboja.

A supervisão é feita nas fábricas menores, quando são reconhecidas pelas grandes marcas como fornecedoras e pagam pelos serviços à BFC.

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Com informações da Agência Brasil
Por: Agência Lusa – Agência Brasil
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( Texto retirado na íntegra )