Refletindo sobre a primeira crônica para a Revista Brazilcomz não consigo escapar, quase sem fôlego, das eleições presidenciais aqui no Brasil. A coisa está fervendo! Ninguém sabe quem vai ganhar, os institutos de pesquisa noticiam empate técnico entre Aécio Neves e Dilma Rousseff, do PSDB e do PT respectivamente.

Aos militantes mais aguerridos, muitos deles grandes amigos, lamento lhes aborrecer com estas palavrinhas, mas tenho a obrigação, como a apaixonada cidadã brasileira que sou, de registrar o meu incômodo com a permanência do Partido dos Trabalhadores no poder.

Fico deveras alarmada quando vejo colegas: professores universitários, jornalistas, artistas, intelectuais pregando o discurso de que quem não vota no PT não gosta dos pobres. Ninguém pode falar em meritocracia, defender modelos mais liberais, não se pode falar em responsabilidade fiscal, em investimento na indústria que logo é tachado de capitalista, reacionário, coxinha, inimigo dos pobres, ignorante, alienado, tecnocrata, mauricinho, almofadinha, neoliberal e por aí vai!

Observo com certo temor que patrulhas ideológicas petistas fazem uso abusivo de métodos fascistóides para propagar o discurso do ódio. É mais temível ainda quando o discurso de ódio se assenta justamente na boa fé exacerbada ao extremo da intolerância. É como se uma má onda politicamente correta se avizinhasse. E sob esta onda só o Partido dos Trabalhadores pode surfar com a prerrogativa soberana de ser o detentor de todo o bem. Se você for o infeliz ignorante que não votar no PT, ferrou, você será tachado de elitista, preconceituoso, nazista e por aí também vai!

Temo sim pelo nosso futuro, pelo futuro da minha filha, pelo futuro dos filhos e netos do nosso Brasil. Quando ideologias políticas chegam a extremos de intolerância inaugura-se um temerário flerte com ideais fundamentalistas.
É aí que a coisa pega! Tudo no Partido dos Trabalhadores parece desaguar na vontade de dividir o Brasil: entre ricos e pobres, negros e brancos, homossexuais e heterossexuais, esquerda e direita, revolucionários e coxinhas. São discursos marcados pelo mais descarado oportunismo intelectual. E a presidenta candidata não foge a essa regra. Sopra no ar um vento terral quente que parece querer assolar de vez com o nosso estado democrático.

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Reparem bem na dimensão da coisa. O PT de Dilma insolentemente intervém nos outros poderes instituídos democraticamente: os poderes judiciários e legislativos. E a coisa não pára por aí! Os tentáculos também estão nos correios, no BNDES, na Casa da Moeda, nas agências reguladoras, no IPEA, nas sociedades de economia mista, nas empresas públicas. Tá tudo dominado! As nossas estatais estão aparelhadas pelos companheiros que tem a missão de resgatar o país do demônio do capitalismo. Mas desde que cada um tenha  a sua própria boquinha e enriqueça às nossas custas. A coisa é tão absurda que até uma socialite, amiguinha do presidente do Banco do Brasil, conseguiu um empréstimo de R$ 2,7 milhões sem atender às exigências mínimas para abiscoitar o empréstimo. E a criatura ainda por cima faz viagens em missões oficiais do Banco do Brasil ao lado do presidente do banco. É isso aí galera, é o bolsa perua socialite!
Parece que estamos todos doidões, paralisados, entorpecidos, rindo à toa, viajando na maionese, com a leseira, com a pilôra, pirando na batatinha, dando o tango no mango… Será que a coisa vai mudar ou vamos seguir como zumbis autômatos rumo ao bolivarianismo que já se instaurou em alguns países da América Latina? Cenas do próximo capítulo.