Cinco clássicos do cinema em preto e branco, produzidos na Espanha dos anos 1950, estão sendo exibidos desde terça-feira (5) a sábado (9), na Livraria Cultura do Paço Alfândega. A mostra traz a renovação do cinema europeu pós-Segunda Guerra Mundial, que lançou novas temáticas e impulsionou o neorrealismo no cinema do Velho Mundo – que contrastava com os gêneros traçados por Hollywood nas décadas anteriores.

A sociedade europeia buscava inspiração para se reconstruir depois da tragédia humana, econômica e social da Segunda Guerra, e o cinema apresentou algumas respostas para ela. As salas de exibição se transformaram em espaços sociais onde diferentes públicos buscavam histórias que recuperassem seus ânimos e amenizassem suas perdas.

Marco, a cinematografia se espalhou por toda Europa naquela época, quando os profissionais do cinema começaram a construir uma indústria europeia, viajando entre países e começando a coproduzir, como forma de apresentar um desenho do cinema em um contexto internacional, para um público transnacional e heterogêneo. No caso do cinema espanhol, havia o controle, leia-se censura, do estado, além de ele ser dominado economicamente por um sistema dependente, em grande parte, dos norte-americanos. No entanto, a filmografia não deixa de estabelecer um diálogo frutífero entre seus modelos narrativos e estéticos.

A mostra Clássicos do Cinema Espanhol em Preto e Branco traz um programa que ilustra esse período dos anos 1950 e apresenta filmes que podem ser considerados clássicos do cinema espanhol. De um lado, há dois filmes realizados por diretores europeus estabelecidos na Espanha: o húngaro Ladislao Vajda, autor da famosa obra Marcelino, pão e vinho, com sua excelência plástica e ritmo traz O engodo, uma coprodução com a Suíça que adapta um relato autêntico do terror de Friedrich Dürrenmatt. Em segundo lugar, o italiano Marco Ferreri, em colaboração com o roteirista Rafael Azcona, representa a nova geração de cineastas cuja proximidade dos gêneros convencionais. Esta comédia está cheia do elemento de escuridão e subversão, que supõem uma hilariante crítica às convenções sociais das classes médias, materializadas na obra O apartamento.

Os outros três filmes do ciclo são emblemas de outros gêneros: o Quinto distrito (cujo diretor é Julio Coll) responde à saga do cinema policial que se fomenta nos estúdios de Madri e Barcelona com uma interessante negociação entre os códigos do gênero e os elementos procedentes da literatura de série e dos cenários perigosos das duas cidades. Já Céu negro representa a aposta pelo melodrama de outro grande diretor espanhol, Manuel Mur Oti. Entrelaça os formatos de cinema feminino norte-americano com melodrama mexicano, a história se aprofunda em uma sociedade solitária e maltratada.

cinema espanhol no recife

05/08/14 – O Engodo (El Cebo – 1958)

Uma menina é encontrada morta no bosque de uma pequena aldeia suíça. Imediatamente, as suspeitas recaem sobre um velho  vendedor de rua que encontrou o corpo. O policial   duvida de sua culpa, mas como acaba de se aposentar, deixa o assunto nas mãos de um parceiro. Enquanto isso, incapaz de resistir à situação, o velho homem comete suicídio. No aeroporto, prestes a pegar o avião, o policial percebe alguns detalhes contados pelas crianças da escola e decide adiar sua viagem para começar uma investigação por conta própria.

06/08/14 – Céu Negro (Cielo Negro – 1951)

Emilia, uma modesta funcionária de uma loja, está apaixonada e não hesita em roubar uma roupa para acompanhar o namorado em uma festa. Mas tudo dá errado: descoberto o roubo, ela é despedida e isso é apenas o começo da história.

07/08/14 – Quinto Distrito (En Distrito Quinto – 1957)

Cinco homens cometem um assalto e fogem cada um por um caminho. Mais tarde se encontram em um local  para dividir dinheiro. Enquanto esperam a Juan, um dos assaltantes que está com toda grana, cada um deles começa a imaginar o que vai fazer com a sua parte. As horas passam e ele não chega ao local combinado. Todos ficam nervosos pensando que seu parceiro nunca aparecerá. Nesse momento, eles começam a recordar como conheceram a Juan e como tudo foi acontecendo.

08/08/14 – O Apartamento (El Pisito – 1959)

Rodolfo e Petrita levam 12 anos juntos. Para se casarem precisam de um apartamento, mas não conseguem encontrá-lo. Rodolfo vive sublocado na casa de dona Martina, uma velha que está quase com o pé na cova, fato que o caseiro está esperando para poder desalojar o domicílio e derrubar o edifício. Alguns amigos aconselham a Rodolfo uma solução heroica: casar-se com dona Martina e esperar o pouco que lhe resta de vida para herdar o aluguel. Em princípio, ele resiste, mas cada vez com menos força.

09/08/14 – A Vida Pela Frente (La Vida por Delante – 1958)

Terminada a guerra, o advogado Antônio e a médica Josefina buscam trabalho para poder comprar um apartamento e viver juntos, mas esbarram em vários problemas e dificuldades.

O projeto é uma parceria do Instituto Cervantes e a Livraria Cultura. A entrada é gratuita e as projeções começarão sempre às 19h, no auditório da Livraria Cultura do Paço Alfândega (Rua Madre de Deus s/n, no Recife Antigo) e os lugares serão ocupados por ordem de chegada.

FONTE: Diário de Pernambuco

Crédito: Instituto Cervantes/Divulgação