No próximo domingo 06 de setembro acontecerá novamente em Barcelona o Día de Brasil, Festival da Cultura Brasileira, com o melhor da cultura do nosso país. O Día de Brasil, este ano, mudará de localização e este dia de festa será realizado no Parc del Fórum de Barcelona, lugar onde se realiza festivais como o Primavera Sound e o Cruilla, desta forma ampliando sua capacidade e a oferta cultural.

Serão 11 horas de atividade lúdica e recreativa para todas as idades, com a melhor música do Brasil. Nomes como Aleh Ferreira, o grupo Carrossel de Emoções, Verlando Gomes & banda Flor Serena e a estrela do hip hop brasileiro, Emicida, são alguns dos artistas que passarão este ano pelo “Festival Día de Brasil – LATAM Airlines Group”.

A oferta gastronômica reunirá durante todo o dia uma variada representação da gastronomia brasileira presente em Barcelona, com a participação de restaurantes novos e tradicionais.

A programação se completará com diversas atividades paralelas como capoeira, batucada e outras atividades dedicadas às crianças, como oficinas, mini-shows, jogos lúdicos, etc.

Além disso, pelo segundo ano consecutivo, de 10 a 13 de setembro, acontecerá novamente a Mostra de Cine Día de Brasil nos Cinemas Girona de Barcelona (Rua Girona, n° 175, Barcelona), com uma representação do cinema mais atual do país.

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ARTISTAS

 

ALEH

Aleh, cantor e compositor. Começou sua carreira com a banda de reggae Bantus. Posteriormente, começa sua trajetória em solitário com a música Sou do bem, que foi escutada em mais de 50 países. Na Copa do Mundo de Futebol de 2010, na África do Sul, realizou uma atuação com a banda Black Rio.

No ano de 2011 produz seu disco Aleh + Samba, com a participação de grandes maestros da música brasileira, como Wilson das Neves, Zeca da Cuíca, Carlinhos 7 cordas, entre outros. Neste disco faz uma viagem através de diferentes estilos de samba, do mais tradicional ao mais contemporâneo.

Sua música Dona da banca se transformou na banda sonora de uma das séries de televisão brasileiras más importantes dos últimos anos: A Diarista. Aleh faz parte da cena atual do estilo musical samba-rock, popularizado anteriormente por Jorge Benjor, Seu Jorge.

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VERLANDO GOMES E A BANDA FLOR SERENA

O músico Verlando Gomes e a banda Flor Serena também atuarão no Día de Brasil. Pioneiros no resgate do gênero musical típico brasileiro, “forró”, conquistaram o público de todo o país e também a muitos europeus, que se unem à prática desta dança de casal, que está revolucionando o continente europeu.

O grupo realizou versões acústicas dos grandes clássicos do “forró” com instrumentos originais (acordeom, zabumba e triângulo). Esta dança nasceu nas pequenas cidades do nordeste brasileiro, sendo durante muito tempo só um ritmo característico da área, quase folclórico. Foi o músico Luiz Gonzaga quem finalmente popularizou em todo o país este ritmo tão conhecido que não pode faltar em uma festa brasileira genuína.

 

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EMICIDA

Emicida é um cantor de rap do norte de São Paulo que passou de ser um fã deste gênero a uma grande celebridade, nas conhecidas batalhas freestyle de rimas da capital paulista. Em 2008 lançou seu primeiro single, Triunfo, que o levaria a ser um reconhecido MC no mundo inteiro. Atualmente, Emicida é o principal expoente da nova geração do hip-hop, apelidado pela crítica como “o Jay – Zbrasileiro” e com inumeráveis prêmios.

Seus temas têm uma carga social muito forte, como por exemplo em seu último vídeo-clipe Boa Esperança, com mais de 700.000 visualizações em Youtube em menos de um mês. Neste single abordam temas como a discriminação, as injustiças sociais e a revolta dos empregados domésticos contra o sistema. Atuou nos melhores festivais do mundo, como Coachella, Sonar, Black2Black ou Rock in Rio. Seus vídeos contam com a participação de muitas celebridades, como a colaboração de jogadores de futebol como Neymar.

 

YORUBAHIA

Yorubahia nasce com o objetivo de difundir o movimento artístico cultural nascido na Bahia. É uma formação musical de raíz afro-brasileira, que cantará estilos como axé, samba, reggae e afoxé com vários temas próprios.

A formação nasce em Barcelona, mas três de seus componentes, Robson Rodrigues, Paulinho Bahia e Bolo Capoeira são imigrantes brasileiros que há muitos anos vivem na cidade. Em Barcelona encontram-se com Charly Hinojosa, da Bolívia, e Iñaki Ezkurra, o único catalão. Cada um com um background musical diferente proporciona seu estilo e acaba de dar forma a este projeto. O nome do grupo faz referência aos Yorubas, etnia de origem africana que conserva suas raízes em diversos pontos da América, como Brasil, Haiti, Cuba e Porto Rico.

 

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CARROSSEL DE EMOÇÕES

 

O grupo musical Carrossel de Emoções resgata os êxitos do funk carioca dos anos 90, nos traslada ao ambiente carnavalesco. De fato, o grupo nasceu em um trio de carnaval do Rio de Janeiro. A mistura funcionou maravilhosamente bem, tanto que sua música Corrida Maluca foi o hit do carnaval de rua do Rio deste ano (2015). O funk carioca é um ritmo nascido nas favelas do Rio de Janeiro nos anos 80, com forte influência do miami bassy que, pouco a pouco, foi adquirindo personalidade própria. Um dos fenômenos de massa mais importante do Brasil, para não parar de dançar durante toda sua apresentação.

Carrossel de Emoções oferecerá também um popular baile funk, que será o broche de ouro para finalizar a sétima edição do Día de Brasil.

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CAPOEIRA CORDÃO DE OURO

 

Um clássico do Día de Brasil em Barcelona. A Associação de Capoeira Cordão de Ouro foi fundada no ano 1967 por Reinaldo Ramos Suassuna, conhecido como o “Mestre Suassuna”. Atualmente, tem muitos associados no Brasil e em todo o mundo, com um papel destacado por seus esforços em manter esta disciplina em um nível muito técnico, interatuando com velocidade, agilidade, elasticidade, criatividade e música, sem esquecer as raízes.

Em Barcelona o grupo está dirigido por Ricardo Ribeiro Cortes Corsi, “Mestre Boca Rica”, desde o ano 1992.

 

 

BATALA BARCELONA

A Batala é um movimento musical brasileiro, que nasceu em Paris em 1997, com o objetivo de trazer à Europa os ritmos de Salvador de Bahia. Posteriormente, se expandiu por toda a Europa e o resto do mundo.

França, Austrália, Reino Unido, Angola, África do Sul… são alguns dos países com representação atual do Batala, já que mais de 20 bandas se transformaram atualmente em poderosas fontes de intercâmbio cultural e linguístico.

Desde o ano 2011, Batala Barcelona quis também formar parte deste movimento de difusão da popular música afro-americana, o samba reggae. O Día de Brasil terá a oportunidade de mostrar este ritmo tão festivo e dançante tocado por pessoas que também amam a nossa cultura.

 

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`ATIVIDADE INFANTIL

OFICINAS, JOGOS E CONTA-CONTOS.

 

Durante toda a jornada, o “Espaço Infantil Día de Brasil” oferecerá das 12h às 18h uma infinidade de atividades para os pequenos. Este espaço foi idealizado pela organização do festival e a Associação “Pais de Brasileirinhos na Catalunha”. A Associação “Pais de Brasileirinhos na Catalunha” nasceu em 2009 e está formada por pais e mães de pequenos “brasileirinhos” que vivem na Catalunha.

A APBC busca oferecer a essas crianças a oportunidade de manter o contato com a língua materna e a cultura brasileira através de diversas atividades, como classes, eventos e celebrações.

 

Entre as atividades programadas, terá oficinas de figuras de globos, pintura de rosto realizada por “Fiestas Infantiles Barcelona” e jogos tradicionais infantis, realizados pelo Atelier Giramundo. Os pequenos também poderão desfrutar de um mini show, realizado pela contadora de contos Ana Ly. Ela nos oferecerá uma série de contos com a história dos povos e da língua brasileira. Ana Ly explicará às crianças a chegada dos navegadores portugueses ao Brasil, seu encontro com os povos indígenas e a posterior fusão dessas duas culturas.

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Gastronomia

Como cada ano, o Festival Día de Brasil conta com uma ampla oferta gastronômica com uma seleção das melhores especialidades brasileiras. Além da coxinha, que já é a tapa estrela do festival, o churrasco, ou a mundialmente conhecida feijoada, também será possível degustar especialidades da comida rápida de rua, como o pastel de feira e o hot dog.

Não faltará também neste tour gastronômico ou exótico acarajé, batizado como hambúrguer de baiano. As novidades deste ano no festival são açaí na tigela ou a tapioca.

Uma grande oportunidade para descobrir novos sabores do Brasil, e fazê-lo em um ambiente inigualável. O melhor streetfood brasileiro completará uma jornada muito especial e festiva.

Restaurantes presentes – Casa do Açaí, Cantinho Brasileiro, Coxinha no Copo, Krépioca, Manga Rosa, Reina do Raval, The Dog is Hot, Eléctric Bar e Tapas Petit Dulce.

 

 

II MOSTRA DE CINE “FESTIVAL DÍA DE BRASIL – LATAM AIRLINES GROUP”

 

A segunda edição da Mostra de Cine “Festival Día de Brasil Latam Airlines Group” terá lugar de 10 a 13 de setembro nos Cinemes Girona de Barcelona.

 

 

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CASA GRANDE,

DE FELLIPE BARBOSA

Quinta-feira, 10 de setembro, 20h.

 

Sônia (Suzana Pires) e Hugo (Marcello Novaes) são da alta burguesia carioca e levam uma vida bastante confortável. Aos poucos vão à falência, mas ninguém sabe de seus problemas financeiros, nem mesmo o filho Jean (Thales Cavalcanti), que faz de tudo para se desvencilhar dos pais superprotetores. Para se manter, o casal corta despesas e ele, que só se preocupava com garotas e vestibular, enfrenta pela primeira vez a realidade.

 

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A HISTÓRIA DA ETERNIDADE,

DE CAMILO CAVALCANTE

Sexta, 11 de setembro, 20h.

Alfonsina (Débora Ingrid) tem 15 anos e sonha conhecer o mar. Querência (Marcélia Cartaxo) está na faixa dos 40. Das Dores (Zezita Matos) já no fim da vida, recebe o neto após um passado turbulento. No sertão compartilham sobrenome e muitos sentimentos. Amam e desejam ardentemente.

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AMOR, PLÁSTICO E BARULHO,

DE RENATA PINHEIRO

Sábado, 12 de setembro, 20h.

 

A história da estrela que é objeto de admiração e inveja por parte de uma novata em busca da fama já foi contada diversas vezes no cinema, sendo a mais famosa delas em A Malvada, com Bette DavisAnne Baxter. Mas a história nunca foi contada como em Amor, Plástico e Barulho. A premissa é a mesma, mas a diretora e roteirista Renata Pinheiro mergulha em um universo desconhecido pelo grande público e não abre mão de debater questões sociais, como é o caso da especulação imobiliária, tema muito presente no cinema pernambucano nos últimos anos.

 

NOVA DUBAI,

DE GUSTAVO VINAGRE

Sábado, 12 de setembro, 22h

 

Em uma cidade marcada pela crescente construção de arranha-céus, um grupo de jovens de classe média decide se apropriar dos espaços vazios e praticar sexo em lugares públicos. Eles fazem do filme uma forma de realizar os seus desejos sexuais e cinematográficos, enquanto compartilham suas visões sobre o amor, a morte e o prazer.

 

HOMEM COMUM,

DE CARLOS NADER

Domingo, 13 de setembro, 20h.

 

O cineasta Carlos Nader começou a acompanhar a vida do caminhoneiro Nilson de Paula em 1996. Transportador de porcos, ele então era casado e pai de uma menina. De lá para cá, morte, doença, recomeço e muita estrada fizeram parte da história deste homem comum.

 

BRANCO SAI, PRETO FICA,

DE ADIRLEY QUEIRÓS

Domingo, 13 de setembro, 22h

 

Tiros em um baile de black music na periferia de Brasília ferem dois homens, que ficam marcados para sempre. Um terceiro vem do futuro para investigar o acontecido e provar que a culpa é da sociedade repressiva.

 

 

Resistência e invenção no cine brasileiro recente

Texto de apresentação realizado por Ana Rosa Marques, curadora da Mostra de Cine Día de Brasil.

 

A história do Brasil é uma narrativa permeada de muita opressão. Seu passado colonial feito à base de sangue e lágrimas construiu um presente de injustiça e desigualdade. Mas também é uma história de luta pela utopia de um futuro. A II Mostra Cine Día de Brasil traz para Barcelona seis filmes recentes com relatos de enfrentamento dos problemas sociais tipicamente brasileiros, como o racismo, o machismo, a violência e questões subjetivas, universais e atemporais, como a ambição, a solidão e o medo. Algumas dessas narrativas são protagonizadas por excluídos ou invisibilizados pela história e pelos meios de comunicação, como os negros, as mulheres e os gays. Em todas elas há pessoas comuns que nas suas condutas e pensamentos expressam uma força incomum em defesa dos seus direitos de sonhar, amar e existir.

É um cinema que resiste também no seu modo de fazer. Longe dos grandes orçamentos e dos padrões estéticos hegemônicos, o cinema independente brasileiro faz da escassez de recursos financeiros e tecnológicos uma fonte de invenção. Com autonomia de produção e muita liberdade criativa, os cineastas aqui reunidos, provenientes de diferentes regiões do país, apresentam olhares únicos e especiais sobre os diversos “Brasis”. É nesse contexto que novas vozes discursivas e criativas vão surgindo. Se o cinema foi muitas vezes arte de uma elite intelectualizada, branca, rica e residente no Rio de Janeiro ou em São Paulo, os estados mais abastados do país observamos uma descentralização de produção tanto de classe social quanto geográfica.

Assim é que vem da periferia de Brasília uma das vozes mais inovadoras do cinema contemporâneo brasileiro. Adirley Queirós, cineasta da Ceilândia, localizada nos arredores da capital do país, conta em Branco sai, preto fica sobre um caso real de violência policial ocorrido há quase trinta anos contra os moradores negros num baile de black music. Misto de documentário com ares de ficção científica, é através da fabulação que as vítimas desse episódio vingam um sofrimento passado que permanece no presente. Dessa maneira, Adirley recusa o olhar piedoso que costumeiramente se lança à periferia e inova ao falar de dentro de uma realidade que é a sua mesma.

As marcas da escravidão manifestam-se também nas relações trabalhistas e domésticas atuais. Em Casa Grande, primeiro longa ficcional do carioca Fellipe Barbosa, um adolescente filho de família rica decadente descobre o mundo para além dos muros do condomínio de luxo onde vive. E suas descobertas se devem especialmente ao encontro com o outro de classe: a experimentação do sexo com a empregada da casa ou a vivência com o ex-motorista do seu pai.

 

Assim como Fellipe Barbosa, Gustavo Vinagre também representa um universo que lhe é muito próximo. Em Nova Dubai, média-metragem que hibridiza documentário e ficção, Vinagre e seus amigos reagem diante da especulação imobiliária que ameaça a memória e a subjetividade do lugar onde foi criado, um bairro de classe média em uma cidade do interior de São Paulo. Contra a desfiguração desse espaço gerada pela construção de obras megalomaníacas, o cineasta revida praticando sexo em locais públicos.

A reflexão sobre os espaços urbanos e o seu crescimento desordenado é uma tendência em diversas cinematografias, especialmente na de países emergentes, que sofrem com mais intensidade as mudanças operadas implacavelmente pelos interesses do capital contra os desejos e anseios das pessoas.

Ao discutir sobre esse tema, o cinema conecta países e povos e estabelece um diálogo entre passado, presente e futuro.

O espaço em disputa, seja aquele invadido por grandes empreendimentos imobiliários ou os apertados ambientes da periferia, metaforizam a rivalidade entre duas mulheres por fama e sucesso em Amor, plástico e barulho. Neste filme de Renata Belo Pinheiro, duas artistas de música brega tentam sobreviver em um mundo onde tudo é descartável, até mesmo o amor e as relações humanas. Assim como Branco sai, preto fica e Casa Grande, a cultura produzida na periferia é afirmada sem preconceitos nesse longa metragem produzido no estado de Pernambuco, que embora situado em uma das regiões mais pobres do país, é um dos maiores centros de criatividade cinematográfica.

 

De lá também vem A história da eternidade, de Camilo Cavalcante. O longa é uma ficção sobre três mulheres de diferentes gerações que sofrem por conta da solidão e da opressão masculina, mas que não deixam de sonhar e amar. Ambientado no sertão, zona árida, pobre e agrária, o filme vai na direção contrária aos locais urbanos e industrializados mais visitados pelo cinema brasileiro contemporâneo. Mas ao contrário do sertão de revolta social retratado no Cinema Novo da década de 60, mundialmente projetado pelos filmes de Glauber Rocha, o cenário aqui é um espaço de luta pelos desejos individuais.

 

E no trânsito entre esses dois mundos, o urbano e o rural, ou melhor pelas estradas deste imenso país, Carlos Nader, diretor de O homem comum, conhece o caminhoneiro Nilson de Paula e tece uma narrativa que entrelaça os últimos 20 anos da sua vida e cenas da obra prima ficcional dinamarquesa A palavra, de Carl Dreyer. Um filme sobre a eterna e universal pergunta de qual o sentido da existência, mas também sobre uma amizade e a vida nem sempre de um homem simples.

 

Seis narrativas diferentes costuradas pelo desejo de mostrar o espírito criativo e crítico de um cinema que encara os constantes desafios da realidade, da vida e da arte, coragem que merece ser vista para além das fronteiras brasileiras.