Divulgar o mais brasileiro dos gêneros, o choro, em Madri. Esta foi a tarefa que se impôs a psicóloga e produtora cultural Fabiana Ferraz ao concluir seu mestrado em Gestão Cultural. Natural de São Paulo, Fabiana frequentava as rodas de choro no Brasil e cantava ocasionalmente quando o marido obteve uma bolsa para estudar na Espanha. Prometeu aos colegas que os levaria à Espanha e a promessa foi cumprida em 2010 quando conseguiu trazer os músicos para uma turnê que passou por Madri e Santander.

De volta às aulas, passou a investigar porque um ritmo tão requintado e de raízes europeias não tinha acolhida na Espanha. “Várias capitais europeias como Paris, Berlim ou Roma tem rodas de choro acontecendo regularmente. A princípio, pensei que fosse um problema de gestão” declara Fabiana Ferraz, morando desde 2008 em Madri, “mas durante minha pesquisa descobri que não havia instrumentistas em Madri que soubessem tocar o ritmo”.

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Choro e dança em Madri. Foto: Marta Bolaños

 

A solução foi fazer um trabalho formiguinha e juntar músicos de várias nacionalidades para aprender a cadência consagrada por Pixinguinha e Jacó do Bandolim. Durante todo ano de 2013, Fabiana abria as portas da sua casa para acolher músicos interessados em aprender o ritmo. “Os músicos traziam as namoradas que avisavam as amigas, que vinham com outras amigas” recorda a produtora “começaram a aparecer outros músicos até que houve um momento que não cabia mais ninguém aqui em casa.”

Depois de uma temporada no Brasil, os antigos integrantes começaram a pedir que ela voltasse a organizar os encontros. “Nesta época foi fundamental a presença do violonista brasileiro Fernando de la Rua para ensinar os músicos a tocar o choro e garantir a presença dos mesmos nesta na primeira roda de choro.”

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A Roda de Choro acontece todas às segundas, em Lavapiés. Foto: Ángel Chamorro Marín

 

Desta maneira, a iniciativa cresceu e houve a necessidade de encontrar um espaço maior onde a roda de choro pudesse se desenvolver.”O projeto está aberto ao público em geral e também a todos os músicos que desejam aprender o gênero e se comprometam estudar em casa” convida Fabiana Ferraz.

A roda de choro encontrou seu poso fixo no bar Liber Arte, todas às segundas-feiras, às 21:30h. “Antes da apresentação, oferecemos uma hora de aula de dança de salão para quem quiser aprender um pouco de gafieira” comenta Fabiana acrescentando que a reposta do público tem sido excelente pela informalidade do show que mescla os músicos à plateia levando, assim, o melhor da música brasileira para os madrilenhos de nascimento ou de coração.

Serviço

Roda de Choro

Onde? Liber Arte Cantina Cultural. Calle Ave Maria, 32. Metrô Antón Martín, L1 ou Lavapiés, L3.

Quando? Todas as segundas. Horário: 20:30 – aula de dança de salão com Carlos Martini. Valor: 8 euros.

21:30 – roda de choro.


 

Juliana Bezerra escreve neste espaço e no blog Rumo a Madrid.