A Banda Garôa apresenta neste sábado, dia 12, no El Plaza Jazz Club, o melhor do chorinho e da música brasileira. Formado por Fernando de la Rua (violão de sete cordas), Juan Tomas Alvarez (violão e cavaquinho), Bruno Duque (sax e flauta) e Rodrigo da Matta (percussão), o grupo surgiu há três anos com intuito de mostrar aos espanhóis o mais brasileiro dos gêneros musicais.

“A origem da Banda Garôa está no antigo grupo Choro Ibérico, do qual o Fernando fazia parte. Através de amigos em comum, eu o conheci e começamos a tocar juntos” conta Rodrigo da Matta que vive em Madri desde 2011. “Mas antes disso, tocava choro no bar Kabocla, com um conterrâneo de Itapeva” completa Fernando de la Rua, que mora em Madri há quinze anos.

O nome grupo ironiza o clima seco madrilenho. “Pensamos que seria uma brincadeira com o fato de Madri ser uma cidade de clima seco e isso ajudaria trazer um pouco de umidade” comenta Rodrigo e Fernando de la Rua acrescenta: “‘Garoa’ também é uma palavra brasileira que não há semelhança com outras do espanhol. Apesar de ser do interior, sempre escutava que São Paulo é a cidade da garôa”.

Unidos pelo Choro

Vindos de tradições musicais diferentes, os músicos encontraram no choro um ponto de união. Afinal, Fernando de la Rua é um destacado violonista flamenco, Juan Tomaz Alvarez é paraguaio; Bruno Duque, é espanhol e se dedica ao samba e a world music; e Rodrigo da Matta, natural de Niterói/RJ, vem da tradição do samba de roda do Rio de Janeiro.

Banda Garoa2

Juan Tomaz Alvarez, Bruno Duque, Rodrigo da Matta e Fernando de la Rua posam no Museu Antropológico Nacional.

Apesar desta saudável mistura, o som da Banda Garôa, que pode ser conferido também no seu canal do Youtube, soa extremamente brasileiro. “O choro é a base. Tudo o que tocamos, seja samba ou baião, tem uma pegada de choro. O nosso som é muito brasileiro, porque somos uma salada de fruta completa” explica Rodrigo. “Na realidade, o flamenco também vem da fusão de vários estilos e assim fazemos uma releitura bastante original dos temas de Pixinguinha, Jacob do Badolim, etc.” acrescenta Fernando.

Afinal, como explica Fernando de la Rua, a própria origem do choro é mistura de gêneros musicais, pois ele nada mais é que a adaptação de ritmos europeus como a polca e a mazurca pelos brasileiros. “Essas danças europeias foram relidas pelos escravos que a mesclaram com o maxixe, que era proibido na época” explica o violonista. “Nas rodas de choro que participei, quando meus colegas de outras vertentes musicais ou que tocavam flamenco escutavam o choro, eles comentavam comigo se parecia a uma música que eles escutavam na infância ou que o pai ouvia” conclui o Fernando.

Desta maneira, seja pela proximidade com o som europeu ou a pela cadência, o chorinho vem conquistando a plateia espanhola e faz os integrantes da Banda Garôa a sonharem mais alto. Segundo Rodrigo da Matta, atualmente, o grupo trabalha arranjos vocais ao estilo de formações como “Os Cariocas”. Igualmente, investem em trabalhos autorais, pois os integrantes também são compositores e com isso, a Banda Garôa pretende gravar um disco num futuro próximo. Já estamos aguardando.

Banda GARôA – chorinho e samba

Onde?  El Plaza Jazz Club. Calle de Martín de los Heros, 3. Metrô: Plaza de España, L3 e L10.

Quando? 12 de setembro, às 22h

Quanto? 5 euros

Juliana Bezerra escreve neste espaço e no blog Rumo a Madrid.