A pressão sobre a organização dos Jogos de 2016 aumentou significativamente nesta terça-feira. O vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o australiano John Coates, afirmou que os preparativos para os Jogos Olímpicos são os piores já vistos. Ele apresentou um panorama terrível dos avanços na preparação das Olimpíadas de 2016 e disse que “a situação é crítica”, mas que não existe um plano B para a organização dos Jogos.

A afirmação, feita durante o Fórum Olímpico em Sydney, na Austrália, repercutiu mal no Brasil e na Suíça, onde fica a sede do COI. No Rio, o prefeito Eduardo Paes, o governador Luiz Fernando Pezão e o Comitê Rio2016 rebateram as críticas e voltaram a dar garantias de que todas as instalações serão entregues a tempo, apesar dos problemas e atrasos. E, em Genebra, o próprio COI tentou amenizar o tom das críticas. Em nota enviada à TV Globo no fim da tarde, o diretor de comunicação da entidade, Mark Adans, afirmou que acredita na capacidade da cidade de proporcionar excelentes Jogos e no prazo. Segundo o texto, o diretor-geral dos Jogos Olímpicos, Gilbert Felli, que desde a semana passada está no Rio, tem recebido respostas positivas sobre a preparação da cidade para o evento.

‘É a pior situação que vivi’

O estrago, no entanto, já tinha sido feito. Coates, que tem 40 anos de experiência em Jogos Olímpicos e foi chefe do comitê organizador local das Olimpíadas de Sydney-2000, já realizou seis visitas ao Rio como membro da Comissão Coordenadora do COI, que supervisiona os Jogos. Ele sustentou que o COI se viu obrigado a tomar medidas sem precedentes, colocando especialistas no comitê organizador do Rio, para garantir a realização do evento esportivo. No início do mês, o COI anunciou uma série de medidas para acompanhar passo a passo as obras no Rio. Serão criadas forças-tarefas, e o COI ainda vai recrutar no Rio um administrador de projetos “com experiência em construções para monitorar, no dia a dia, os progressos das obras de infraestrutura”. Após o anúncio, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que o COI era bem-vindo na cidade.

— O COI adotou um papel mais ativo, é algo sem precedentes para o COI, mas não há um plano B. Iremos ao Rio. É a pior situação que eu já vivi. Creio que a situação é pior que em Atenas, em 2004. Em Atenas, tínhamos que tratar com um governo e algumas autoridades municipais. Aqui há três. Existe pouca coordenação entre o governo federal, o estadual e o municipal, que é responsável por grande parte da construção — afirmou Coates.

Em nota, o comitê organizador dos Jogos Olímpicos do Rio rebateu as críticas de Coates. “Temos uma missão histórica: organizar os primeiros Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Brasil e da América do Sul. Vamos cumpri-la. Em 2016, o Rio organizará Jogos excelentes, que serão entregues absolutamente dentro do prazo e dos orçamentos já anunciados”. Já o prefeito Eduardo Paes disse, à tarde, que as críticas são bem-vindas. Ele afirmou, no entanto, que só as obras do Complexo de Deodoro estão fora do prazo.

 

 

FONTE: O Globo