Um homem está dirigindo por Los Angeles. Seu celular toca. A imagem da mãe do rapaz aparece numa telinha montada sobre o painel do carro. O vídeo, do Youtube, segue em frente, mostrando mais e mais como a tecnologia está alterando a forma como nos comunicamos e vivemos. Nem tudo, no entanto, merece comemoração. Em certa medida, somos reféns de tanto progresso, que insiste, silenciosamente, em nos robotizar, a nós e as nossas relações.
Para onde estamos caminhando, nós e nossas máquinas maravilhosas? Não serei muito otimista a esse respeito, a menos que na bagagem se inclua uma boa dose da prática de valores fundamentais. Sem esse combustível, nenhuma sociedade pode chegar longe o bastante para justificar a sua existência.
É indispensável que se desenvolva uma espiritualidade. Mas não se trata de ir à igreja todos os dias, nada parecido. Dalai Lama se preocupa com uma distinção importante. Para ele, uma revolução espiritual nada tem a ver com uma revolução religiosa. O líder budista considera que a espiritualidade é algo relacionado com as qualidades do espírito humano. Coisas como amor e compaixão, paciência, tolerância, capacidade de perdoar, alegria, senso de responsabilidade e noção de harmonia. Segundo o monge, é possível dispensar a religião. O que não pode ser deixado de lado, no entanto, são essas qualidades espirituais básicas.
E então uma lembrança feliz aparece por aqui. Não faz muito tempo, assisti à apresentação de um grande projeto para humanizar as relações da instituição financeira com seus clientes e a comunidade, em busca de um mundo mais sustentável. O que ficou surpreendentemente claro é que uma grande mudança pode estar acontecendo. Um banco, acredite, deixando de priorizar o lucro em benefício do ser humano. Isso é absolutamente inédito, quase inesperado nesse mundo em que o capital sempre fala mais alto. Confesso que fiquei surpreso com o fato. Teimosamente, o espírito resiste e está vivo.
Celulares, computadores, toda a parafernália gerada pela tecnologia da informação deve ter o seu caminho livre, para seguir em frente, com responsabilidade. Empresas de todos os segmentos podem faturar e esta é a única forma de garantir a própria sobrevivência. Não existem milagres. Só uma coisa não se pode negligenciar: o fato de que o sábado foi feito para o homem, e não o contrário. Ora, isso tem algo de espiritualidade. De outro jeito, a conta não fecha. E o planeta acabará baixando as portas, sem conseguir ao menos passar o ponto. ®
Foto Rubens 5Rubens Marchioni é publicitário, jornalista e escritor. Sócio da Eureka! Assessoria em Comunicação Escrita. Colunista da revista espanhola Brazilcomz, da canadense BrasilNews e da americana BrasilUsa Orlando. Publicou Criatividade e redação. O que é, como se faz; A conquista. Um desafio para você treinar a criatividade enquanto amplia os conhecimentos e Câncer de mama. Vitória de mãos e mentes, este último sob encomenda. –[email protected]http://rubensmarchioni.wordpress.com