Em depoimento, repórter conta como trocou seu iPhone pelo smartphone da Samsung, mas se arrependeu

Tudo começou no fim do mês de março, quando o iPhone 5 que possuía há um ano e meio mergulhou na pia da cozinha. Funcionar ele funcionava, mas a tela não respondia corretamente e, de vez em quando, o aparelho desligava sozinho. Como o Galaxy S5 estava prestes a ser lançado, decidi voltar ao Android e adquirir o topo de linha da Samsung, que pelas especificações técnicas deixa o concorrente da Apple comendo poeira. Foi o que fiz. E me arrependi.

Não, o aparelho não é ruim, longe disso. Com processador Qualcomm Snapdragon com quatro núcleos de 2,5 GHz e 2GB de memória RAM, o Android Kit Kat roda de maneira suave, com os engasgos, comuns em aparelhos com o sistema operacional do Google, praticamente imperceptíveis. A bateria com capacidade de 2.800 mAh é uma grata surpresa. Em mais de um mês de uso, nunca precisei plugar o aparelho da tomada antes de voltar para casa no fim do dia.

Galaxy S5, top de linha da Samsung, peca pelos detalhes além de travamento constante. FOTO: Bloomberg

Galaxy S5, top de linha da Samsung, peca pelos detalhes além de travamento constante. FOTO: Bloomberg

A tela Super Amoled de 5,1 polegadas com resolução de 1080 x 1920 pixels é realmente bonita. O ajuste automático do brilho permite boa visualização tanto em ambientes escuros, como sob à luz do sol. Outro ponto positivo é a proteção contra água e poeira, mas confesso que não tive coragem de testar essa característica num aparelho que custa R$ 2,6 mil.

A câmera merece um parágrafo à parte. Com 16 megapixels, é uma das melhores do mercado, bem superior à do iPhone 5 e até mesmo do 5S. Dos testes que já realizei, os resultados da câmera do Galaxy S5 são comparáveis com o Nokia Lumia 1020, que tem 41 megapixels. A Samsung destaca a velocidade de 0,3 segundos para o autofoco, o que parece uma besteira, mas facilita na hora de fotografar objetos em movimento.

Todos esses atrativos me convenceram a migrar para a Samsung, mas pequenos detalhes no uso cotidiano são irritantes. Copiando o iPhone 5S, o Galaxy S5 tem leitor de impressão digital. Mas diferente do concorrente, não basta colocar o dedo sobre o sensor, é preciso passá-lo de cima para baixo. Isso faz com que seja praticamente impossível desbloquear o aparelho usando apenas uma das mãos, pois ele não consegue ler corretamente o movimento do polegar. É preciso segurar o telefone e deslizar o indicador sobre o sensor. Mesmo assim, é comum ele não conseguir fazer a leitura.

O Galaxy S5 também tem um monitor de batimentos cardíacos, o primeiro smartphone a oferecer a função. Usei nos dois primeiros dias, talvez no terceiro, apenas por diversão. E só. Talvez seja interessante para quem pratica atividades físicas de pouco impacto, como caminhada, mas no meu caso não me imagino jogando futebol com um telefone de quase 15 centímetros de comprimento no bolso.

O travamento de aplicativos é constante. Aparentemente, a culpa não é do aparelho, mas de compatibilidade entre programas de terceiros e o sistema Android.

O corpo em plástico é uma critica a todos os smartphones da linha Galaxy. Em comparação aos concorrentes, o S5 parece frágil e de baixa qualidade. Outro problema é a colocação do alto-falante na parte traseira do aparelho. Samsung, por quê? Ver vídeos é uma experiência ruim, pois o som fica abafado devido ao posicionamento.

O pacote de aplicativos nativos da Samsung também é bastante incômodo. Os programas não apenas têm pouca utilidade, como enviam notificações constantes. Pior, é quase impossível apagá-los da memória do aparelho. Após serem removidos, eles mandam notificações pedindo a reinstalação.

A Samsung parece estar atenta aos problemas do aparelho, tanto que poucas semanas após o lançamento do Galaxy S5, o chefe de Design da companhia Chang Dong-hoo foi demitido do cargo.

FONTE: O GLOBO