Adaptação de Fernando Sabino, ‘O Menino do Espelho’ enche os olhos do cinéfilo

Na coletiva de O Mercado de Notícias, belo documentário que ganhou o prêmio da categoria no Cine PE, Jorge Furtado fez uma confissão. Disse que o próximo filme, já em produção, será um drama, o primeiro de sua carreira. Até aqui tem feito comédias, e prefere as tristes, como as de Charles Chaplin, que definiu como “o maior artista do cinema”.

Jorge Furtado poderia estar falando de Anos Felizes, de Daniele Luchetti, que integra a competição internacional e passou na quarta-feira à noite. O Cine PE termina nesta sexta-feira. Ainda faltava exibir na quinta-feira os últimos filmes da competição, dois nacionais: Romance Policial, de Jorge Durán, e Muitos Homens Num Só, de Mini Kerti. Pode ter vindo surpresa daí, mas só um júri muito louco poderá ignorar Luchetti.

Na entrevista que deu ao Estado, explicando sua curadoria no Cine PE, o crítico Rodrigo Fonseca disse que a seleção privilegiava um recorte (de temas e filmes). Ele selecionou obras preocupadas em discutir a identidade e a memória, e esta última subentendia não apenas a lembrança individual, mas algo que está no inconsciente coletivo. Anos Felizes tenta reatar com a tradição da grande comédia italiana dos anos 1960. Nosso imaginário de cinéfilos está cheio de lembranças de grandes filmes de Dino Risi, Mario Monicelli, Luigi Comencini, os mestres italianos do humor. Daniele Luchetti debruça-se sobre aquela grande escola. É o diretor de Meu Irmão É Filho Único e A Nossa Vida.

FONTE: Estadão