Executivo da Fifa desmentiu autoridades nacionais e a si mesmo, que havia indicado a existência de plano alternativo à paralisação

 

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, afirmou que “não existe plano B” em relação ao transporte dos torcedores para Itaquera, que receberá o jogo de abertura da Copa do Mundo na quinta-feira, e que, portanto, a greve dos metroviários terá de terminar. Falando a um grupo de jornalistas em São Paulo, Valcke insistiu que não existe outra forma de garantir o acesso ao estádio que não seja pelo Metrô.

Nos últimos dias, o Ministério do Esporte e o próprio Valcke tinham indicado que haveria um plano alternativo diante de uma eventual paralisação no dia da abertura da Copa do Mundo. Valcke chegou a dizer na quinta-feira que “tudo estava sob controle”.

Na manhã de segunda-feira, antes de reconhecer que a única opção era o final da greve, Valcke ainda mantinha um tom de otimismo. Ele chegou a dizer que a manifestação não teria impacto na abertura. Há poucos dias, o presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, classificou a greve como “um probleminha pequeno” e sugeriu que, se o metrô não funcionasse, torcedores deveriam ir ao estádio de Itaquera de “ônibus ou carro”.

Mas, no final da tarde desta segunda-feira, o tom era de resignação. “Não podemos interferir em um assunto interno do Brasil”, explicou. O desabafo sobre a inexistência do Plano B veio depois de dias de negociações.

Nos bastidores, membros da equipe responsável pela segurança da Copa confessaram ao Estado que, se a greve for mantida, o temor é de que “sérios problemas” sejam enfrentados pelos torcedores. “Será um pesadelo se isso continuar”, declarou o responsável, em condição de anonimato. A Fifa não escondia seu alívio quando o Tribunal Regional do Trabalho declarou, no domingo, a ilegalidade da greve. Mas se surpreendeu quando o sindicato decidiu manter a paralisação.

FBL-FIFA-VALCKE

Mesmo diante dos problemas, Valcke quis se mostrar relaxado na conversa. Após mostrar a capa de seu celular, ilustrada com a bandeira do Brasil, o secretário-geral ironizou sua frase. “A palavra que eu mais gosto na bandeira do Brasil é progresso”, disse.

Joseph Blatter, presidente da Fifa, também adotou nesta segunda-feira uma postura otimista.  “Mesmo com as críticas que eu recebi, quero que todos entendam que a Copa vai começar no espírito certo”, declarou. “O Brasil finalmente gosta de futebol”, disse, lembrando como a abertura da Fan Fest reuniu mais de 55 mil pessoas no fim de semana.

 

FONTE: Estadão