Os primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas serão “uma grande vitrine” para os atletas, disse hoje (19) o secretário Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social do Ministério do Esporte, Evandro Garla Pereira da Silva. Ele participou da audiência pública “Ações, Perspectivas e Legado que os Primeiros Jogos Indígenas deixarão para estes povos e o Fomento do Esporte Indígena no Brasil”,na Câmara dos Deputados. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) foram convidados como observadores.

Ao ser indagado se há a possibilidade de algum indígena ser convidado a se preparar para os Jogos Olímpicos de 2016, Silva disse que tudo vai depender dos Comitês e das Federações. “Vai depender muito das ações, mas lembrando que o lema dos próprios Jogos é estar ali celebrando. Haverá as disputas e os vitoriosos, mas o grande interesse, o grande foco desses Jogos Mundiais é a celebração do esporte”, afirmou.

A falta de incentivos ao esporte de alto rendimento entre os indígenas foi tratada durante a audiência. “Simplesmente falar do esporte de alto rendimento sem dar condição para o índio se preparar, acaba sendo desleal”, disse o coordenador Técnico dos Jogos Indígenas Pataxó, Karkaju Pataxó.

Segundo o coordenador, na aldeia onde mora, Coroa vermelha, próximo a Santa Cruz de Cabrália (BA), dois atletas que estavam se destacando em vela acabaram desistindo por falta de condições de se manter no esporte. “Se der condições, sei que temos um número grande de atletas que podem se destacar, e não só nas modalidades indígenas”. ressaltou.

Karjuru Pataxó acredita que os jogos podem deixar como legado a maior atenção ao esporte nas aldeias. “Queremos chegar ao esporte de alto rendimento, não como coitadinhos, mas por mérito. Temos condições de chegar lá”, disse.

O secretário nacional do esporte reconheceu que há muito o que fazer junto a essas populações. Ele destacou uma série de ações que têm sido conduzidas pela pasta em favor dos povos indígenas. Até 2012, eram aplicados anualmente R$ 100 mil em demandas indígenas. Esse valor foi ampliado para cerca de R$ 10 milhões em 2015. “Temos muito que fazer, mas estamos trabalhando com o nosso máximo”, afirmou.

Os primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas vão ocorrer de 20 de outubro a 1º de novembro, em Palmas, Tocantins. Até o momento, segundo o portal do evento, participarão atletas de 24 etnias brasileiras, além de delegações de 22 países.

Celebração

Esta é a primeira edição dos jogos mundiais. Os jogos indígenas no Brasil ocorrem desde 1996. A última edição foi a 12ª, em 2013 em Cuiabá (MT).  Pataxó afirmou que os jogos indígenas não são simplesmente uma competição. “O desafio é não deixar isso se tornar o esporte pelo esporte. Precisa ter consciência que essa prática tem um cunho cultural muito forte”. A convivência entre as etnias e a manutenção de valores, como não incentivar a disputa desleal, são os principais objetivos.

Por meio do esporte, os indígenas apresentam uma série de demandas. Hoje, foi distribuída aos parlamentares a carta do primeiro Fórum Nacional de Políticas de Esporte e Lazer para os Povos Indígenas, que ocorreu em abril deste ano. As ações propostas vão desde a criação de secretarias e conselhos para o esporte indígena, com representantes das aldeias, até melhorias de infraestrura como saneamento básico e quadras esportivas, além de melhorias na saúde e educação.

O deputado Márcio Marinho (PRB/BA), presidente da Comissão do Esporte, onde foi feita a audiência, disse que a comissão poderá sugerir um projeto de lei para garantir o incentivo do poder público ao esporte nas aldeias. Esta foi a primeira audiência pública que tratou do tema. O deputado comprometeu-se a fazer “vários debates” sobre a questão indígena.

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Com informações da Agência Brasil

Por: Mariana Tokarnia – Agência Brasil

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( Texto retirado na íntegra )