A ação judicial representa uma significativa escalada nas investigações sobre a TelexFree, acusada de operar um esquema de pirâmide financeira

Na sexta-feira (9), os dois proprietários da TelexFree Inc., uma empresa sediada em Marlborough (MA), acusada de operar um esquema de pirâmide global que lesou investidores em até US$ 1 bilhão, foram acusados criminalmente na Corte Federal. A ação judicial representa uma significativa escalada nas investigações sobre a companhia. Na tarde do mesmo dia, James M. Merrill, de 53 anos, residente em Ashland (MA), foi preso na cidade de Worcester (MA), segundo o The Boston Globe. As autoridades locais também emitiram uma ordem de prisão para o brasileiro Carlos N. Wanzeler, de 45 anos, residente em Northborough (MA), que agora se encontra foragido da polícia. Os agentes federais suspeitam que ele tenha fugido para o Brasil, onde leis dificultam o traslado de cidadãos brasileiros, mesmo aqueles procurados por crimes no exterior.

Carlos e James foram acusados de conspirarem para cometer fraude no envio de dinheiro, segundo a ação judicial apresentada na sexta-feira (9) junto à Corte Distrital de Worcester. “A amplitude desse suposto esquema de fraude é impressionante”, disse a promotora pública federal, Carmen Ortiz. “Esses réus montaram um esquema que tirou milhões de dólares de pessoas trabalhadoras em várias partes do mundo”. Inúmeras vítimas da TelexFree são imigrantes do Brasil ou da República Dominicana, atraídos ao esquema por outros membros da comunidade que se gabavam dos lucros enormes obtidos por simplesmente promoverem um serviço telefônico via internet.

A Comissão de Câmbio & Segurança (SEC) e o secretário de estado, William F. Galvin, estão investigando a TelexFree Inc. O órgão congelou os bens da companhia em 16 de abril e apresentou uma ação judicial, dois dias depois que a empresa apresentou o pedido de concordata em Las Vegas, Nevada, a mais de 2.700 milhas de distância de sua sede em Massachusetts. O advogado de Wanzeler em Boston (MA), Paul V. Kelly, disse não ter conhecimento do mandato de prisão em nome de seu cliente. “Nós não recebemos a informação de um mandato de prisão para o Sr. Wanzeler”, disse Kelly através de um e-mail. “Até que tenhamos a oportunidade de confirmar essa informação, nós não temos comentários a fazer”.

Na sexta-feira (9), James M. Merrill, de 53 anos, residente em Ashland (MA), foi preso na cidade de Worcester (MA)

Na sexta-feira (9), James M. Merrill, de 53 anos, residente em Ashland (MA), foi preso na cidade de Worcester (MA)

A TelexFree anunciava ser uma companhia que oferecia serviços telefônicos via internet, mas as autoridades alegam que na realidade tratava-se de um esquema de pirâmide financeira que recrutava milhares de “promotores” para postar anúncios sobre seus produtos online. Esses promotores tinham que comprar pacotes da empresa que variavam entre US$ 300 a aproximadamente US$ 1.400 para receberem semanalmente os lucros, segundo a ação judicial. O dinheiro recebido pelos promotores não vinham das vendas geradas pelos anúncios, mas sim das novas pessoas atraídas ao esquema, detalharam as autoridades.

As autoridades locais também emitiram uma ordem de prisão para o brasileiro Carlos N. Wanzeler, de 45 anos, residente em Northborough (MA), que agora se encontra foragido da polícia

As autoridades locais também emitiram uma ordem de prisão para o brasileiro Carlos N. Wanzeler, de 45 anos, residente em Northborough (MA), que agora se encontra foragido da polícia

Em outubro, um investigador do Departamento de Segurança Interna (DHS) infiltrou-se na TelexFree e foi informado que um investimento de US$ 1.425 geraria o lucro semanal de US$ 100 simplesmente postando anúncios online e recrutando outras pessoas, segundo a ação criminal apresentada na sexta-feira (9). Geralmente, os agentes do DHS investigam casos de fraude financeira internacional. O investigador do DHS postou mais de 700 anúncios sem vender qualquer produto, segundo documentos na Corte. Entretanto, o recrutador da companhia disse ao agente que não era necessário vender produtos para ganhar dinheiro; alegando que ele mesmo havia lucrado US$ 1.6 milhão “sem vender qualquer produto da TelexFree”.

Documentos apresentados pelas autoridades federais na sexta-feira visam provar que a TelexFree era um esquema de pirâmide. Segundo as autoridades, uma revisão nas contas bancárias da empresa revelou que entre milhares de depósitos, somente 19 deles foram resultados da venda de serviços, comumente chamado VOIP (Voice Over Internet Protocol). Entre junho de 2012 e maio de 2013, a TelexFree realizou 1.133 depósitos totalizando US$ 12.2 milhões em uma conta no Bank of America, segundo documentos na Corte. Entre eles, somente 9 depósitos de US$ 49,90, o valor de compra do VOIP.

Os investigadores descobriram 14 contas correntes utilizadas pela TelexFree no período de 2 anos, depois que os bancos começaram a fechar as contas da empresa sob a suspeita de conduta financeira inapropriada ou lavagem de dinheiro, segundo documentos na Corte. Durante a batida feita na sede da companhia em Marlborough (MA) mês passado, os agentes detiveram no flagra o gerente financeiro da empresa, quando ele tentava sair do prédio com uma valise lotada de cheques administrativos do banco Wells Fargo, totalizando US$ 38 milhões.

As autoridades brasileiras começaram investigando a TelexFree, que operava sob um nome diferente no país, em janeiro de 2013, alegando que haviam descoberto “evidências de crimes”. Vários meses depois, as autoridades conseguiram impedir a empresa de contratar novos promotores e eventualmente fecharam a firma, congelando aproximadamente US$ 350 milhões em fundos. Um advogado das várias pessoas que perderam dinheiro na TelexFree disse que seus clientes estavam satisfeitos com a prisão de Merrill e as acusações criminosas contra a empresa e o outro proprietário.

FONTE: Brazilian Voice