A um mês do Mundial, entidade máxima do futebol demonstra não estar satisfeita com o Brasil

GENEBRA – O Brasil teve sete anos para erguer seus estádios e organizar a Copa mais cara da história. Mas a Fifa não está totalmente satisfeita. Em uma entrevista publicada nesta quinta-feira no jornal suíço Le Matin, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, estima que os estádios não atendam a todos os desejos da Fifa, mesmo que eles tenham custado o equivalente dos investimentos da Copa da Alemanha, em 2006, e do Mundial da África do Sul juntos.

Fifa diz que infraestrutura dos estádios do Mundial não era o que 'desejava'

“Nós não temos o nível de compreensão de infraestrutura que desejávamos (nos estádios)”, disse Valcke. Ainda assim, o secretário da Fifa garante que tudo estará instalado para que a Copa possa ocorrer normalmente.

Há dois dias, em Lausanne, Valcke chegou a dizer que viveu um “inferno” na relação com o governo brasileiro e insinuou que faltaria mais envolvimento do governo federal no projeto da Copa. Ele também admitiu que a Fifa teve de reduzir suas exigências para os estádios no Brasil. Agora, volta a criticar a preparação e diz que a “corrida” ainda está ocorrendo em Porto Alegre, São Paulo e Curitiba.

Para a Copa, o Brasil investiu mais de R$ 8 bilhões em estádios. Em 2007, a CBF havia indicado à Fifa que o gasto com as arenas seria de US$ 1,1 bilhão, cerca de R$ 2,5 bilhões. O francês também reconhece que obras nas cidades-sede não estarão concluídas. “Nas cidades, algumas infraestruturas não estarão terminadas”, disse. “Certamente haverá obras em curso (durante a Copa)”, aponta. Mas ele insiste que essas obras não têm uma relação direta com o Mundial.

PROTESTOS


Sobre as manifestações, Valcke garante que não haverá o fator “surpresa”. Mas ele admite que os protestos vão ocorrer.”As forças de polícia estão preparadas para administrar esses movimentos de maneira mais adaptada”, declarou. Segundo ele, a violência da polícia em 2013 foi um dos fatores que fizeram a situação se “complicar”. “Acho que teremos protestos. A Copa é a plataforma ideal, com 18,6 mil representantes da imprensa.”

Questionado se entendia o motivo dos protestos, Valcke garantiu que sim. “Eu entendo perfeitamente o que não funciona no Brasil, que, apesar de ser um país muito rico, é um país em desenvolvimento. Não podemos nos esquecer disso.”

Mas ele rejeita a tese de que a manifestação ocorra contra a Fifa. Segundo Valcke, é errado fazer a ligação entre os gastos públicos com a Copa e o que poderia ser gasto em outros setores. “Eles (brasileiros) se manifestam contra a corrupção, contra a decisão de aumentar o preço do ônibus, pela saúde e pela educação.”

FONTE: Estadão