Longe dos holofotes, mas de olho no irmão. Assim comemora seu aniversário, o ex-presidente cubano Fidel Castro, que completou 88 anos nesta quarta-feira. Na ilha, que tem passado por descentralizações lideradas pelo atual presidente Raúl Castro, de 83 anos, e supervisionadas por Fidel, a data foi celebrada com atividades culturais, homenagens e a divulgação de congratulações de políticos latino-americanos.

Fidel abandonou oficialmente o poder em 2006, depois de uma crise intestinal, que o deixou muito perto da morte. A partir daí, sua presença em eventos públicos se tornou rara. Ainda assim, as autoridades e alguns simpatizantes marcaram a data com um show popular da banda juvenil “Buena Fe” e a inauguração de uma exposição, que conta a história e os legados do líder da Revolução Cubana. A exibição fotográfica e audiovisual “Fidel es Fidel” está exposta no Memorial José Marti, próximo à Praça da Revolução, em Havana. O realizador da mostra é o cubano Roberto Chile, que durante 25 anos trabalhou diretamente com Fidel, filmando e guardando registros de suas atividades. Paralelamente, na localidade de Birán, o pequeno povoado fundado pela família, foram inauguradas as obras de restauração da casa e do panteon familiar, onde se encontram os restos mortais dos pais dos líderes.

Poucas informações são publicadas sobre a rotina pessoal de Fidel ou sobre sua saúde, mas o líder político, de acordo com o jornal “El País”, mantém reuniões com assessores políticos que o atualizam sobre questões referentes ao presidente americano, Barack Obama, sobre a Europa, o presidente russo, Vladmir Putin, a Ucrânia e assuntos em geral. Essas atualizações permitem que Fidel, ainda que com um estado de saúde frágil, aconselhe o atual presidente cubano.

Fidel Castro teve e continua tendo um papel fundamental na revolução. (Ele e o irmão) gostam muitíssimo um do outro. Disse Raúl que em todas as coisas fundamentais é preciso consultar o comandante-chefe — contou ao jornal espanhol Ricardo Alarcón, ex-membro do birô político do PCC e ex-presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular (Parlamento), que chegou a ser considerado o terceiro homem do regime castrista.

Ao longo deste ano, Fidel recebeu em sua casa de Havana várias personalidades políticas. Ele tem desempenhado funções diplomáticas, recebe os presidentes de alguns países aliados e conversa com jornalistas e intelectuais amigos, aos quais confessou ter sentido uma profunda tristeza quando morreram dois de seus melhores amigos, Gabriel García Márquez e Hugo Chávez.

Em janeiro, quando ocorreu a II Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, Fidel reuniu-se com ao menos sete mandatários, entre eles, a presidente argentina, Cristina Kirchner, e o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon. Também em março passado, Fidel encontrou-se com o primeiro-ministro do Vietnã, Nguyen Tan Dung, e em julho com os líderes da Rússia, Vladmir Putin, e da China, Xi Jinping.

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Durante décadas, o e então governante foi ganhando admiradores, que o consideravam um líder da justiça social no terceiro mundo, mas também oponentes, que o acusaram de esmagar as liberdades civis no país e de ser um mau exemplo para outros governantes que com os anos se mostraram ligados ao modelo socialista.

Esse reconhecimento de Fidel por outros líderes foi expresso nas mensagens de felicitações ao ex-presidente. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, parabenizou à Fidel por meio de seu perfil na rede social Twitter.

Fidel Castro, comandante invencível nas batalhas por Cuba e pela Humanidade. Feliz aniversário”, publicou o mandatário.

Também no programa de televisão “En Contacto”, Maduro qualificou o líder cubano como um “gigante da História” e “o líder mais destacado do século XX americano e um dos líderes mais destacados junto a Hugo Chávez, já no século XXI”.

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, antigo aliado político de Cuba, enviou uma mensagem a Fidel que diz: “Que sorte, que bênção, chegar com você aos 88 anos. Obrigado Cuba grande, por nos ter dado o grande Fidel.”

O protagonista da Baía dos Porcos e da crise dos mísseis, sobrevivente de múltiplos atentados contra sua vida, nasceu em 13 de agosto de 1926, na região açucareira oriental, onde seu pai, um imigrante espanhol, comprou terras que se converteram em uma próspera plantação. Fidel também é lembrado por ter se tornado a obsessão da política externa dos Estados Unidos, por conta de seu triunfo na revolução de 1959, que o catapultou ao poder.

 
FONTE: O GLOBO