Em entrevista ao Jornal Nacional, lateral explica que comeu a banana atirada no gramado contra o Villarreal por brincadeira: “O insulto só chega se o receptor deixar”

Daniel Alves não quer ser tratado como vítima no caso de preconceito que sofreu no jogo contra o Villarreal, domingo, quando comeu uma banana em protesto contra o racismo depois de a fruta ter sido jogada no gramado. Ele garante que tratou a situação com bom humor, mas não deixou de falar sobre o lado positivo que teve a atitude, e a grande repercussão que ganhou na imprensa mundial.

– Não quero ser vítima, vender um vitimismo, até porque se você toma as coisas com humor e alegria, aquela ofensa não vai te atingir. Tem que ser superior, sem deixar de denunciar esse tipo de coisa. Temos que procurar fazer algo para um mundo melhor. Espero que essa repercussão toda, que começou com uma brincadeira sem preocupação, dê resultado. O insulto só chega se o receptor deixar. Se usar o jeitinho brasileiro para driblar isso, o objetivo de quem mandou não é alcançado – disse Daniel Alves ao “Jornal Nacional”.

O lateral do Barcelona lembrou que crianças frequentam os estádios e uma atitude como essa por influenciar negativamente na educação. Para ele, o que seria um lugar para unir a família pode gerar efeitos ruins.

– O futebol é um lugar de diversão. É onde você torce para o seu time e pode levar seu filho, família e amigos para compartilhar aquele momento. E algumas coisas sobram no futebol. São atos banais que não deveriam existir. Tem que incentivar o seu time, torcer, mas sem faltar com o respeito aos demais. Estamos fazendo o nosso trabalho. É uma profissão normal, somos normais, as pessoas que nos vêem diferente. Não deveria existir, nem com raça e nem com a opção sexual de uma pessoa. Tem que respeitar o próximo e plantar o bem.

Por que do gesto?
– Foi super espontâneo, mesmo que há um certo tempo já tenha passado por esse tipo de coisa. Eu acho que uma atitude negativa tem que ser paga com outra positiva. Isso faz mais diferença do que tentar combater de uma forma diferente. Surgiu na hora, já tinha comentado até com o próprio Neymar, que já havia passado por isso em um jogo anterior, e por uma casualidade a fruta caiu na minha frente. A minha reação foi pegar e tirar um pedaço. Não tinha programado, até porque não imaginava que iam jogar uma banana num campo de futebol.

Repercussão
– Fico feliz em poder contribuir de alguma maneira para a melhoria do mundo. Não só no futebol, nenhum outro âmbito deveria existir esse tipo de coisa. Estamos no século XXI, o mundo evoluiu e temos que evoluir com ele. Não podemos ficar atrás da evolução. Fico feliz por ter dado essa repercussão e espero que isso sirva de alguma maneira para dar um basta em atitudes desse tipo. O Futebol é muito mais do que isso.

FONTE: Globo Esporte