Antes de ir.

  1. Quatro coisas são fundamentais para buscar informações na internet. Conheça bem o lugar, a cultura (em geral – não somente as festas e atrações turísticas), as leis para os imigrantes/estrangeiros e as regras básicas de convivência entre as pessoas que sempre foram ou estiveram nesse lugar para onde você vai e os imigrantes que escolheram esse lugar para viver. Daqui podem vir, se você estiver desinformado, as principais surpresas negativas e os choques culturais (conflitos entre formas culturais de viver muito diferentes entre si). Existem especialistas sobre imigração que afirmam que, na maioria dos casos, os imigrantes que já vivem em um lugar nem sempre são sinceros na hora de falar dos problemas para os que estão para chegar. Por mais que estejam com muitos problemas, por um instinto psicológico de não querer assumir suas próprias dificuldades, mentem para familiares e amigos, omitindo o ruim e falando apenas das boas coisas que encontrou no lugar para onde migrou.

Quando chegar.

  1. Mesmo que esteja em situação irregular (nunca digo “ilegal”, porque estar “sin papeles”, na Espanha, por exemplo, é considerada juridicamente uma irregularidade administrativa e não um crime ou um delito penal), ainda citando a Espanha como exemplo, procure o serviço social mais próximo, a assistente social da Prefeitura (Ayuntamiento) ou associação de defesa dos direitos dos imigrantes, como uma ONG espanhola ou associação criada pelos próprios imigrantes, para fazer o que aqui na Espanha chama-se de “empadronamiento”. Sem esse documento, sem estar inscrito no registro público municipal, o acesso básico à educação, à saúde (emergencial!) ou a qualquer tipo de ajuda que você precise será difícil ou impossível. A lei local diz que seus dados devem ser guardados em segredo e não podem ser repassados para a polícia, por exemplo.
  2. Dedique pelo menos um dia a entrar na página do Consulado brasileiro da localidade onde você mora para conhecer (infelizmente, muito necessário e importante, na minha opinião) toda a burocracia e papelada que trata da sua própria vida e da sua família, por mais que você não goste desse tipo de organização. Você até pode decidir só fazer isso quando realmente esteja em situação de emergência. Lamento informar que você poderá arrepender-se muito de não ter seguido essa sugestão. Garanto que conheci inúmeros casos, lamentavelmente, de verdadeiros dramas familiares, de pessoas que não seguiram essa sugestão.

Quando pensar em voltar pro Brasil.

  1. Acostume-se com essas palavras: “retorno voluntário ao Brasil” e, digitando, essas palavras no Google (na Internet), você encontrará diversas informações, agora que se encontrará na condição de “retornado”. Retorno voluntário, quer dizer que você mesmo tomou a iniciativa de retornar, porque, infelizmente, há várias situações em que os governos de outros países “devolvem”, “expulsam”, “impedem de entrar”, etc. Na página web do Consulado-Geral do Brasil em Barcelona, por exemplo, e em diversos outros consulados, você se encontrará novamente com a informação de utilidade pública necessária sobre sua documentação que precisará estar atualizada. E ainda de organismos com recursos públicos como a Organização Internacional para as Migrações, OIM, que podem tentar ajudar-te com o retorno voluntário.

03

Sempre!

  1. Esteja com o passaporte brasileiro válido. Assim como, no Brasil, para quase tudo, você precisa ter sempre sua carteira de identidade, no exterior, o brasileiro deve ter sempre seu passaporte em dia, por mais que tenha um custo financeiro (diferente da carteira de identidade). Como não utilizamos o passaporte cada dia, deixamos meses ou anos guardado numa gaveta e só nos lembramos de ver a data de validade na véspera de uma viagem. Enfim, dê uma olhada hoje (agora) mesmo, no seu passaporte. E lembre-se de repassar esses conselhos, principalmente para os seus melhores amigos.
  2. Muito cuidado para não perder ou ser roubado o seu passaporte. Há 10 anos escuto isso: “eu pensei que ladrão só existia no Brasil, relaxei aqui na Europa e fui roubado em plena luz do dia”!
  3. Fale em português, mantenha a língua portuguesa na conversa com familiares e, principalmente, com seus filhos. Sou testemunha que meus filhos, por exemplo, nunca tiveram problemas e só encontraram vantagens por falar diferentes línguas no meio de uma mesma conversa.
  4. Pense bem! Se no Brasil já temos dificuldades, no exterior a coisa se complica. E se não vier com um visto de estudos, trabalho ou residência, sem seguro de viagem, sem seguro de saúde internacional (a saúde pública espanhola não é para imigrantes irregulares), e, principalmente, sem entender nem falar a língua local, TUDO, será bem mais difícil.
  5. Mantenha o contato com a família. Além de ir matando saudades e cultivando suas próprias emoções, a pior coisa é ser um desaparecido “longe de casa” e da sua própria família.
  6. 18 de dezembro é o dia do imigrante. Mas essa já é outra história, e pra isso eu tenho mais 18 sugestões… [email protected]