O que significa, nos dias de hoje, ser de esquerda no Brasil? É apoiar pessoas como a presidente Dilma Roussef e seu guru maior, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, com a política praticada em benefício próprio, sempre com a certeza de que o povo será o último beneficiado.
 
Quando o cenário propício à criação do PT foi desenhado, a partir da prática política do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, eu estava lá. À época, estudava Teologia. Teologia da Libertação, para ser mais específico. O que me tornava mais propenso a ver em movimentos dessa natureza, brotando em terras da América Latina, a emergência de uma nova realidade. Talvez mesmo, a justiça e o direito, anunciados pelos profetas, ganhando espaço nesse mundo de meu Deus.
 
Em muitas ocasiões, em nossa rotina, a oração era substituída pelo piquete na porta da fábrica. Mais de uma vez senti no olho e em todo o corpo o efeito devastador das bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo, coquetel servido sem escrúpulos por policiais truculentos. Corri dessa mesma polícia. Tive meu nome nas páginas do Estadão, citado como membro de um grupo de comunistas religiosos capitaneado pelos “perigosíssimos” Dom Paulo Evaristo Arns, Cardeal, e Dom Angélico Sândalo Bernardino, Bispo da Pastoral do Mundo do Trabalho e santo.
 
Anos depois, experimentei uma alegria imensa ao ver o Lula subindo a rampa do Palácio do Planalto, ele e sua faixa presidencial.
 
A vida continuou. O encanto, o sonho, tudo isso começou a perder a cor, entrar num coma induzido por uma política sem ética e devastadora das nossas esperanças.
 
Veio a Dilma, filha política do senhor Luís. Na segunda vez, eu ainda vivia na Inglaterra. Tinha a oportunidade de observar, de longe, o exercício político desta senhora inescrupulosa. Mensalão, Petrolão, Lava Jato, e o que mais ainda não foi descoberto – no Brasil do PT há sempre algo a ser revelado. Um lixo que provoca alergia e deprime até o mais convicto dos brasileiros.
 
Temos Aécio Neves? Temos Geraldo Alckimin? Eles nunca representaram qualquer esperança nacional, nada esperei destes senhores. E isso faz toda a diferença se quisermos entrar no tema da decepção individual e coletiva.
 
Minha coerência intelectual foi maior do que a possibilidade de continuar acreditando em Brasília. Resultado: hoje sou um teólogo, publicitário, jornalista e escritor incapaz de ocupar espaço na mídia ou nas conversas casuais para falar de qualquer coisa que não seja a minha profunda decepção e desapontamento com a lama tóxica em que esses dois personagens nefastos nos mergulharam.
 
Até prova em contrário, esta será a minha estrada, a maneira como me posiciono frente a tudo isso. Uma pena.®
 
Foto Rubens 5Rubens Marchioni é publicitário, jornalista e escritor. Sócio da Eureka! Assessoria em Comunicação Escrita. Colunista da revista espanhola Brazilcomz, da canadense BrasilNews e da americana BrasilUsa Orlando. Publicou Criatividade e redação. O que é, como se faz; A conquista. Um desafio para você treinar a criatividade enquanto amplia os conhecimentos e Câncer de mama. Vitória de mãos e mentes, este último sob encomenda. –[email protected]http://rubensmarchioni.wordpress.com