O musical “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, volta aos palcos do Teatro Bellas-Artes todas as segundas-feiras de setembro e outubro. Encenada pela companhia espanhola “Teatro de Fondo”, a obra estreou ano passado no teatro Fernán Gomez, dirigida por Vanessa Martínez. Em seguida, excursionou pela Espanha, foi finalista nos prêmios Max de Teatro, e volta agora para recontar a história de Terezinha e Max Overseas.

Apesar de o elenco ser espanhol, os atores cantarão as músicas em português. Porém é na banda que a presença verde-e-amarela está garantida, pois três músicos brasileiros – Pedro Moreno (voz e violão), Adrian Alvarado (violão) e Carlos Mankuso (bateria) – integram a banda e o elenco. Um deles é o violonista e cantor Pedro Moreno, que também assina a direção musical. “Quando me convidaram levei um susto porque a obra do Chico é algo muito sério”, conta Moreno, “mas acabei aceitando o desafio, porque o Chico, junto com Gil e Caetano, são nossos patronos”, declara o artista que participa do elenco interpretando João Alegre.

Nascido em Itabuna (BA), mas criado em São Paulo, na cidade de Sete Barras, Pedro Moreno também fez os arranjos das músicas. “Nesta peça estão todas as canções do musical e algumas do filme”, diz Moreno. “Interpretamos Terezinha, Doze anos, Geni e o Zeppelin, Homenagem ao Malandro, entre outras”, relata Pedro Moreno que é autodidata em violão e integrou o Coral do Estado de São Paulo.

Opera do Malandro 1

Malandro atual

A Ópera do Malandro põe em cena a rivalidade entre o contrabandista Max Overseas e Fernandes de Duran, o dono dos prostíbulos da Lapa. No meio da briga está Terezinha, a filha única de Duran e de Vitória, que se casa com Max sob as bênçãos do Inspetor Chaves, o Tigrão, que “trabalha” para os dois contraventores. “A peça é muito atual, pois vemos hoje todas as questões que o Chico Buarque escreveu”, opina Pedro Moreno. “O Max era um bon-vivant, que você acabava se apaixonando por ele; mas agora ele se profissionalizou e está em toda parte”, conclui Moreno que mora em Madri desde 2007.

A obra de Chico Buarque foi inspirada na Ópera dos três vinténs, de Berthold Bretch e Kurt Weil, e na Ópera dos Mendigos, de Jonh Gay. Estreou em 1978, dirigida por Luiz Antônio Martinez Corrêa, com Otávio Augusto e Marieta Severo no elenco. Em 1986, o cineasta Ruy Guerra a levaria às telas de cinema, com elenco encabeçado por Edson Celulari e Claudia Ohana. Para a versão cinematográfica, Chico Buarque escreveria as canções Palavra de Mulher e Las Muchachas de Copacabana.

Em 2003 foi a vez da prefeitura do Rio de Janeiro patrocinar uma luxuosa montagem sob direção de Cláudio Botelho e Charles Moëller que adaptariam o texto e as canções do teatro e o cinema. Recentemente, o diretor João Falcão fez uma bem-sucedida produção com um elenco formado apenas por homens e uma única atriz. Agora, a Espanha reestreia esta montagem provando que o malandro tem fôlego para voltar à praça outra vez.