Recentemente, o pátio da 36ª Delegacia da Polícia Civil de São Paulo (Rua Tutoia, 921 – Bairro Paraíso) foi palco da leitura dos nomes de algumas das pessoas desaparecidas ou mortas pelo regime militar, logo após o golpe de 1964 que depôs o presidente João Goulart.

Esta ação ficou a cargo de atores da “Cia de Artes do Baque Bolado”, um dos grupos artísticos a se apresentar no “II Ato Unificado Ditadura Nunca Mais”, que objetiva reivindicar do governo paulista a substituição da delegacia por um espaço destinado à preservação da memória das vítimas da ditadura militar.

O prédio que foi sede do antigo “Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna” (DOI/CODI), atualmente é um imóvel tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico.

A iniciativa visa defender a transformação do local, num espaço para peças teatrais, músicas e outras formas de manifestação cultural. Acredita-se, mas sem dados precisos, que lá teriam sido vitimadas pela ditadura militar entre 60 e 80 pessoas.

A manifestação organizada por entidades de direitos humanos e movimentos sociais contou com a presença de ex-presos políticos e familiares das vítimas daquele período.

Ao final do encontro, os participantes foram orientados a colocar em caixas de correio das residências vizinhas, a cópia de carta aberta ao governador Geraldo Alkcmin para que as pessoas no entorno tomem conhecimento da campanha. No documento, cita-se que “no item 28 do relatório das conclusões e recomendações da Comissão Nacional da Verdade, consta a intenção de preservar, restaurar e promover o tombamento ou criação de marcas de memória em imóveis urbanos ou rurais onde ocorreram graves violações de direitos humanos” e que a ideia é “honrar nossa democracia e os mártires que morreram lutando por ela”.

Fazemos votos que esta movimentação feita resulte em frutos concretos, e que a referida parte da história possa tão somente ser lembrada – como um pesaroso fato isolado, além de exemplo para que nunca mais se repita em nosso país!

Fachada 36ª DP Tutoia