O pintor brasileiro é sucesso no circuito artístico internacional

 

Nascido na pacata cidade de Montes Claros, Minas Gerais, Tiago Olliver nasceu para brilhar. Como bom mineiro, trabalhou (e trabalha) duro para chegar onde sempre sonhou. Quando criança se destacava pela criatividade e interesse por qualquer tipo de expressão artística. O teatro, a dança e as artes plásticas sempre fizeram parte da vida desse magistral pintor de forma direta e/ou indireta.

 

BCZ – Tiago, quando você descobriu a arte de pintar?  

Tiago Olliver – Meus primeiros rabiscos e misturas de cores tiveram destaque quando participei de um concurso promovido pela empresa de cimentos MATSUFUR, em que o melhor colorido da cidade seria premiado com um kit escolar. Posso lembrar como se fosse hoje a emoção que senti quando criança por ter sido selecionado em primeiro lugar entre milhares de outros candidatos. O tempo foi seguindo e essa vontade de descobrir o desconhecido aumentava. Decidi pintar! Sempre achava fantástico quem sabia pintar um quadro. Pensava que seria incapaz de pintar porque para mim era algo mágico, surreal, mas dentro de mim uma voz serena me dizia com amor: experimenta! Dei vida a minha primeira obra de arte no ano de 1999, e a partir de então nunca mais parei. Esse é o maior presente de Deus na minha vida, o dom da pintura.

 

BCZ – E como você chegou à Europa?

Tiago Olliver – Sempre sonhei voar muito alto, mostrar ao mundo minha arte e viver fazendo amor! Digo que “todo bom pintor pinta o que ele é”. Minha obra é uma autobiografia em que busco estampar em uma tela toda a emoção que domina meu coração. O desejo de conquistar novos horizontes me levou para muito longe de casa. Cheguei em Portugal no ano de 2006 e logo no ano de 2007 fui convidado a participar de um casting para o Grupo Locomia. Como gosto de me propor novos desafios aceitei o convite e comecei a fazer parte da nova geração musical desse reconhecido grupo a nível mundial. Foi uma etapa onde aproveitei ao máximo todas a experiências e oportunidades que surgiam durante essa trajetória. Com tantas mudanças surgindo em tão pouco tempo, a pintura foi ficando um pouco estacionada na minha vida. Esse processo levou sete anos sem produzir uma obra, até que um dia o desejo incontrolável de voltar a tocar um pincel, sujar as mãos de tintas, se sentir desafiado com um lenço branco diante de meus olhos e com uma mente cheia de ideias foi mais forte e voltei a pintar. Era uma sensação divina que controlava meus movimentos, os efeitos, as cores, texturas, dando vida à obra denominada “COMIENZO” (maçã verde – foto em anexo). Outras obras surgiam naturalmente e já era um hábito vital estar pintando.

 

Comiezo

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BCZ – Desde esse momento, quando a Europa e o mundo conheceram Tiago Olliver?

Tiago Olliver – Minha primeira grande realização como pintor foi com ‘CIRCU´S – Su mágica mirada’, minha primeira exposição individual de arte em Ibiza. Esse foi meu pequeno grande começo como pintor profissional. Uma experiência inesquecível! Comecei a receber convites de galerias interessadas em apresentar meu trabalho em feiras nacionais e internacionais. Tudo foi acontecendo naturalmente.

  

BCZ – O último ano de 2014 e este ano têm sido muito intenso para você no que se refere a exposições e “surpresas”, como o ocorrido na Art Expo de Nova Iorque, na qual você foi nomeado como pintor revelação da Exposição. Como você se relaciona com todo esse sucesso do seu trabalho?

Tiago Olliver – No ano de 2014 estava de viagem por Paris e visitei uma das feiras de arte mais importantes daquela cidade-luz considerada berço da história da arte. A exposição acontecia no Museu du Louvre. Vários artistas e galerias de todo o mundo estão ali expondo seus melhores trabalhos. Aproveitei a exposição para deixar alguns cartões de visita com algumas galerias que participavam do evento e depois de dois dias recebi o convite de uma delas para ir aos Estados Unidos expondo três obras na renomada NY ART EXPO 2014, uma exposição que reunia mais de 400 galerias around the world. Foi então que comecei a participar do circuito artístico internacional. Uma das minhas obras (Realeza) que estava em exibição foi nomeada como destaque pelo CO do evento na entrevista oficial. Motivo de alegria e orgulho em saber que sim, estou no caminho correto e fazendo o que amo. Logo depois de passar pelos USA, no mesmo mês de abril, apresentava no ART BEIJING 2014 outras duas obras sendo uma delas vendida durante a feira de arte. Confesso que meu coração estava sorrindo de alegria em ver minha criação encantando vidas, despertando diversas sensações e emoções distintas e conquistando o mundo. Agradeço a Deus sempre por me dar esse grande presente, sem Ele nada daria certo.

 

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BCZ – Quem foram suas maiores inspirações para você se tornar pintor? E quais são suas maiores referências?

Tiago Olliver – Sou um pintor livre de conceitos e regras. Pinto o que vivo e sinto em determinados momentos da minha vida. Minhas referências são essas experiências que me permitem mergulhar dentro de um universo infinito de novas inspirações. Existe uma gama de artistas hiper-realista como Diego Fazio, Pedro Campus, Rob Hefferan, que sempre inspiram muito com suas obras. Me considero um pintor mutante, minha identidade artística está em um constante processo de descobrimento mas sempre marcando o hiper-realismo como base principal das minhas criações.

 

BCZ – Você é um pintor jovem e já expôs em lugares que pouquíssimos pintores em toda sua vida irão expor. Como o Museu du Louvre em Paris, considerado um dos museus mais importantes, e museus na China, nos EUA e Europa. Qual é a chave do sucesso? 

Tiago Olliver – Vivi toda minha vida escutando da boca da minha avó e mãe que as palavras têm poder, que devemos declarar as vitórias na nossa vida. Isso são energias que lançamos em forma de contratos consigo mesmo. Confesso que estou cheio de “contratos” (risos) e vou cumpri-los! Lembro claramente quando passava por diante do Museu du Louvre e levantei minhas mãos ao céu e disse em voz alta: EU vou estar aqui um dia! Depois de três meses estava expondo a obra “PAZ”, um dos meus maiores desafios como pintor no museu de arte mais conhecido do planeta: LOUVRE, em Paris. Essa obra faz parte da minha segunda coleção ETNIAS. Acreditar em você, ser ousado e não deixar de sonhar é fundamental!

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BCZ – As muitas viagens e atribuições sociais decorrentes do sucesso de suas obras dificultam o momento de criação?

Tiago Olliver – Este ano de 2015 tive o privilégio de ser convidado para expor em Mônaco, no ART MONACO15 que acontece anualmente naquela região. Atualmente resido em Londres, onde estou dando início à minha mais nova coleção de arte que adianto de primeira mão o tema: SEDUCTION. Aguardem! Nesse processo de pesquisa e criação, sempre busco estar relaxado mentalmente e muito focado no tema atual. Estar em Londres nessa nova etapa está sendo completamente sedutor. O descobrir me excita bastante e essa curiosidade será o ponto chave da exposição. Sou um jovem livre e essa liberdade pode se tornar ofensiva para todos que vivem presos às aparências e regras. Esse será o conceito da exposição e Londres está sendo o grande laboratório de produção.

  

BCZ – O momento de criação para qualquer artista é algo que desperta muita curiosidade. Para você, o que te impulsiona pintar?

Tiago Olliver – Sucesso e o resultado do seu trabalho! Há que trabalhar duro, fazer o seu melhor porque existem milhares de pessoas fazendo o mesmo que você e querendo chegar ao mesmo ponto ou mais do que você deseja. A concorrência é grande, mas eu não tenho pressa de que meus projetos se tornem uma realidade imediata. Eu sei que vai acontecer, por isso busco sempre fazer meu melhor a cada dia. É construir o seu próprio castelo. Você deve colocar cada tijolo da forma mais perfeita, desfrutar desse processo de construção, trabalhar a paciência e fazer do seu sonho sua maior obsessão. É um exercício diário.

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BCZ – É comum ver que muitos artistas possuem algum ritual preparatório antes de iniciar o seu trabalho de criação. Você tem algum?

Tiago Olliver – Sempre que vou pintar pelas manhãs, horário que estou fresco, a primeira coisa que faço é conversar com o artista mais perfeito que conheço, Deus. A sensação de se sentir como um instrumento é inexplicável. Peço aos anjos que entrem em meu atelier, trazendo brisas de inspirações, luz, cores jamais experimentadas, efeitos inesperados, enfim, só quero ser usado. Gosto de escutar música quando estou produzindo alguma obra, mas não é sempre. Preciso estar ilhado completamente no meu mundo. É um trabalho que exige muito esforço físico, mental e emocional. Algumas vezes choro, rio, converso, beijo, canto, elogio, porque a sensação é maternal, literalmente.

 

BCZ – Existe alguma exposição que você está planejando fazer para o seu próximo trabalho?

Tiago Olliver – Existe uma pessoa muito especial que já não está aqui nesse plano, mas que sempre foi o meu grande amor, minha avó Ester. Nos seus últimos anos de vida ela dizia que todos os quadros eram dela, assim que ainda quero pintar algo que me faça lembrar muito esse amor que tanto faz falta. Muito obrigado a toda equipe do BRAZILCOMZ pela oportunidade de contar um pouquinho sobre mim e que Deus abençoe a todos vocês.

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Por João Compasso

Fotos: Arquivo Pessoal