O pianista, acordeonista e compositor Francisco Pellegrini faz três shows dias 17, 19 e 21 em Madri dedicados aos ritmos nordestinos.  No dia 17, Pellegrini faz duo com a flautista Letícia Malvares quando interpretam um repertório que vai do choro ao bolero e ao jazz.  Já nos dias 19 e 21, acompanhado por Letícia Malvares (flauta e voz), Rodrigo da Matta (percussão) e Roberto Monteiro (violão), o quarteto toca xote, baião, xaxado e os clássicos de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos e Sivuca.

De Niterói para o mundo

Natural de Niterói (RJ),  Pellegrini atualmente mora em Lisboa depois de viver no Rio de Janeiro e em Buenos Aires. Com voz pausada e alma inquieta, Francisco Pellegrini relata que a música sempre esteve presente na sua vida. “Na minha casa, sempre escutamos boa música, especialmente o samba” diz Pellegrini “Na residência da minha avó, ouvia muito Ernesto Nazareth e ela tinha um teclado no qual marcou as teclas com cores e fazia partituras para que os netos tocassem” recorda.

As aulas de piano começaram em Brasília, para onde os pais se mudaram. De volta à Niterói, integrou a Orquestra do Colégio Abel, e passou a frequentar aulas de harmonia no Conservatório do Rio de Janeiro com Paulo Targino, e na mesma época atravessava a ponte Rio-Niterói para fazer aulas de percepção musical na escola Cigam. “Foi ótimo ir para o Rio, porque andava pelo centro e frequentava o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil). Depois fiz aula de arranjo com Leandro Braga. Todos me incentivavam muito a compor” conta o músico.

O acordeão veio a partir de aulas de choro na Escola Portátil de Música onde teve aulas com o pianista e acordeonista Cristovão Bastos. Em 2004, depois de frequentar o Curso de Verão de Curitiba, decidiu fazer vestibular para música, em composição, na Uni-Rio. Tocando acordeão em bares e participando de concursos de piano, as aulas da faculdade já não eram tão interessantes e quando surgiu a oportunidade de trabalhar com o pianista Sérgio Ricardo, Pellegrini preferiu fazer as malas e ir para São Paulo.

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Piano Solo

O mesmo espírito curioso o impulsou a morar em Buenos Aires onde ficou dois anos. “Queria estudar tango, mas acabei conhecendo a América Latina através da música folclórica argentina, da afro-peruana e da salsa. Ali me dei conta que o Brasil está de costas para o continente.” Pellegrini tocava acordeão em bares, mas comprou um piano e compôs a maioria dos temas que figuram em “Piano Solo”. Segundo o compositor, o CD pode ser definido como uma pesquisa de tudo que ouviu de compositores como Nazareth, Radamés Gnatalli, Laércio de Freitas, Cesar Camargo Mariano. “Mas tem muito coisa da Argentina, porque várias músicas foram feitas quando estava lá e claro que isso influencia” completa.

Forró em Madri

Ao voltar da Argentina, Pellegrini decidiu  viajar pelo Brasil. Passou três meses na estrada e chegou até Natal, com paradas em bares de beira de estrada e cidades como Campina Grande. Ali pode ver ao vivo tudo aquilo que havia escutado de nomes como Jackson de Pandeiro e Luiz Gonzaga, mas também dos quilombolas e demais ritmos nordestinos. Tanta admiração pela música nordestina se transformou no songbook de Luiz Gonzaga, lançado em 2013, no centenário do sanfoneiro.

Todas essas influências musicais vão poder ser conferidas nas apresentações dos dias 17, 19 e 21. Uma oportunidade imperdível de ouvir o Nordeste em Madri.

Quem deseja saber mais sobre o músico e seu trabalho pode consultar o site do artista e se deliciar com suas composições.


Informações

Francisco Pellegrini, acordeón & Letícia Malvares, flauta

Onde? Nanai Deseos y Averías. Calle Barco, 26. Metrô Bilbao, L4 ou L1.

Quando? 17 de junho, às 21:30.

Quanto? Cinco euros.


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Tarde de Forró

Francisco Pellegrini, acordeón; Letícia Malvares, flauta; Rodrigo da Matta, percussão e Roberto Monteiro, violão.

Onde? Liber Arte. Calle del Ave Maria, 32. Metrô: Lavapiés, L3 e Antón Martín, L1.

Quando? 21 de junho, às 16h.

Quanto? Cinco euros.


Juliana Bezerra escreve neste espaço e no blog Rumo a Madrid.