Metanoia estreia dia 14 de maio nos cinemas brasileiros, a produção retrata a luta contra drama contemporâneo, o vício do crack
 
São Paulo – Com apenas oito anos de idade, o ator Lucas Hornos encantou o Brasil ao interpretar o esperto Caquinho, filho de Magda (Marisa Orth) e de Caco Antibes (Miguel Falabella), no humorístico Sai de Baixo, exibido pela TV Globo entre 1996 e 2002. Agora, aos 24 anos, engajado em questões sociais, o ator afirma apostar em sua profissão como uma ferramenta de intervenção na sociedade. Hornos que há três meses se mudou para a Alemanha, volta ao país para acompanhar a estreia de Metanoia, primeiro longa-metragem do qual faz parte, interpretando um misterioso personagem. O filme retrata a desesperada luta de uma mãe contra o vício do filho. Repleto de cenas gravadas na Rua Helvétia, local conhecido há décadas como Cracolândia, no Centro de São Paulo, Metanoia terá parte da renda arrecadada com sua exibição destinada à construção de uma clínica de tratamento para atores dependentes químicos.
Lucas Hornos nos concedeu entrevista por e-mail dia 20 de abril de 2015, anexo há fotos de Lucas durante as gravações de Metanoia.
 
Por gentileza, nos fale um pouco da sua carreira como ator. Como começou e por onde andou estes anos todos, desde a saída do Sai de Baixo? 
 
Comecei com publicidade aos 5 anos de idade, cheguei a gravar vários comerciais ao lado dos meus irmãos que também se divertiam com isso. Com o tempo, eles acabaram deixando de lado e eu continuei. Aos 8 anos, integrei o elenco de Sai de Baixo (Rede Globo) vivendo o Caquinho nas duas últimas temporadas do programa. Depois disso participei de A Turma do Didi (Rede Globo), Disney Cruj (SBT), 9mm: São Paulo (FOX Channel). Ainda tive vários convites para novelas e séries da TV aberta e seriados da TV fechada, tanto infantis quanto adulto, mas recusei as ofertas por estar focado em outros projetos ou simplesmente por não concordar com o teor do roteiro.
 
Você participou de alguns curtas, inclusive dirigidos por Miguel Nagle da 4U Films, como foi então atuar em um longa-metragem dirigido por esse jovem diretor?
 
 
Eu já tinha trabalhado com o Miguel [Nagle] e a 4U Films nos curtas Dom Gratuito (2012) e Crônica da Luz na Terra das Sombras (2014). Metanoia foi meu primeiro longa e amei a experiência. Estava no meio de alguns outros trabalhos nessa época e a correria toda só fez aumentar a adrenalina.
 
Por que aceitou o convite para encarar tal personagem?
 
Já havia trabalhado em algumas intervenções sociais na Cracolândia, lidando diretamente com os usuários. Voltar lá para poder representar o drama vivido na região e mostrar um pouco das muitas histórias que conheci nas madrugadas que passei por lá foi uma oportunidade única e de urgência de expor o cenário. Somado a isso, ainda tem todo o mistério que cerca o meu personagem e que me fez criar uma ligação ainda mais próxima com a história. 
 
Pode comentar um pouco sobre seu personagem?
 
Como eu disse, o mistério é a característica principal da personagem desde o começo da história, isso me desafiou a entrar no papel. O maior desafio foi expressar as falas sem realmente falar nada! Isso foi novo pra mim. 
Foto Still Metanoia / Ana Luiza

Lucas Hornos em ação

Você esteve também na Cracolândia, no Centro de São Paulo, como foi gravar neste que é um lugar tão conhecido por sua destruição?
 
Estar lá me trouxe algumas lembranças das vezes em que trabalhei atendendo as pessoas em situação de rua por ali. Lembrei das muitas histórias que ouvi das pessoas com quem conversei e compartilhei o amor de Jesus, gente de incrível potencial que estava totalmente aleijada pelo craque. Não se sai dessa condição sozinho nem se resolve a situação entregando um prato de sopa. Todo amor é necessário para intervir na região de maneira significativa.
 
Qual a expectativa para a estreia do filme Metanoia e em relação a sua mensagem?
A expectativa é de que a mensagem atinja a sociedade de forma clara e direta, denunciando a urgência do problema e abrindo os olhos pra esperança que é real e está sempre ao alcance. Posso falar pelos meus amigos que conseguiram superar, que é possível viver uma vida completa.
 
Você agora está morando na Alemanha quais são seus planos? Pretende dar continuidade à vida de ator? Volta para o Brasil para a estreia em maio?
 
Volto para a estreia no Brasil, sim. Não perderia essa por nada.
 
Estou morando na Alemanha e trabalhando com a Steiger, uma organização internacional que atinge a juventude com arte, música etc. visando a conscientização a respeito das drogas, prostituição, problemas sociais em geral.
 
Ser ator é só uma das minhas ferramentas de intervenção na sociedade, não minha identidade. É algo que amo fazer e pretendo continuar, sem dúvidas, mas não uma urgência. Tenho alguns planos para concluir primeiro e gosto dos caminhos que tenho percorrido nesse tempo. Graças a Deus tenho estado sempre envolvido com essas coisas.
Sobre o filme – Metanoia teve como set de filmagem um dos mais conhecidos pontos de encontro de usuários de crack de São Paulo, a região localizada no centro da Capital paulista, batizada como “Cracolândia”. As gravações ocorreram entre novembro de 2012 e abril de 2013, na Rua Helvétia, no Centro de São Paulo, Jardim Ângela, Zona Sul, e Ibiúna, Interior paulista. Protagonizado por Caíque Oliveira, Eduardo é um jovem da periferia paulista que ao se envolver com as drogas se torna dependente químico. É a história de um filho perdido no submundo do crack e as desesperadas tentativas de sua mãe para salvá-lo. O longa é uma co-produção entre a Companhia de Artes Nissi e a 4U Films. A distribuição está a cargo da Europa Filmes. Metanoia estreia nos cinemas brasileiros dia 14 de maio.
 
Cartaz-Oficial_web
Filme premiado – Metanoia recebeu oito estatuetas das 12 categorias do 2º Festival Nacional de Cinema Cristão – FNCC que aconteceu em novembro de 2014, no Rio de Janeiro: Melhor Filme, Melhor Roteiro (Miguel Nagle e Caique de Oliveira), Melhor Direção (Miguel Nagle), Melhor Direção de Arte (Josy Antunes, ex-aluna do curso Avançado de Direção de Arte), Melhor Fotografia (Gabriel Chiarastelli), Melhor atriz (Einat Falbel), melhor ator (Caique de Oliveira) e Melhor Montagem (Josy Antunes, Leonardo Oliveira e Paulo China).
 
Sobre a 4U Films – A 4UFilms é uma produtora de cinema independente formada por profissionais do setor de cinema e comunicação. Metanoia é o primeiro longa-metragem produzido pela 4U Films. Fundada em 2009 por Miguel Nagle, Luan Felipe e Douglas Gomes, a produtora com sede na baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, soma 16 curta-metragens. Entre eles “Dom Gratuito”, de 2010, que ficou entre os dez principais curtas da América Latina, no Concurso Caixas de Curtas e representou o Brasil em um dos mais importantes festivais de cinema do mundo, o Festival de Cinema Iberoamericano de Helva, na Espanha. Ao todo, a produtora soma mais de 347 mil visualizações em seu canal no Youtube. 
 
Sobre a Companhia de Artes Nissi – Criada no ano 2000, por Caíque Oliveira, a Companhia de Artes Nissi, com sede em Campinas, no Estado paulista, ao longo de 14 anos de carreira produziu mais de dez peças com exibições nacionais e internacionais e já vendeu mais de 500 mil cópias de DVDs de seus espetáculos. Idealizador e produtor do filme Metanoia, Oliveira pela primeira vez interpreta um personagem para o cinema. Nascido no Jardim Ângela, periferia da Zona Sul da Capital paulista, Oliveira é ator desde os 14 anos. Escritor, diretor e protagonista de “Jardim do Inimigo”, uma das obras de  sua carreira de maior expressão, há mais de dez anos em cartaz, a peça já foi exibida em diversas cidades e estados brasileiros e também fora do Brasil.
unnamed
Para assistir ao trailer de Metanoia clique aqui.
Depoimento dos atores Caio Blat e Thogun Teixeira disponível no canal do Youtube Filme Metanoia