A dança brasileira se faz presente nos palcos de Madri novamente. A bailarina e pesquisadora carioca Chris Alcântara apresenta seu espetáculo solo “Maris”, dias 18 e 19 de julho, no teatro La Puerta Estrecha. Este ano, já contamos com a inestimável presença do Grupo Dancep, do Paraná, que nos mostrou como esta expressão artística pode ser socialmente transformadora.
Maris – “mar” em latim – conta a história de Madalena, uma rainha que após perder seus filhos na guerra entre nações africanas, decide lutar. Porém, nos campos de batalha, percebe que seu talento como dançarina tem o poder de curar os feridos da guerra. “Maris fala, sobretudo, do empoderamento da mulher” diz Chris Alcantara “fazendo uma relação da mulher ancestral com as de hoje, mostrando que continuamos lutando pelos nossos ideais trabalhando em jornadas quádruplas muitas vezes, sem perder a delicadeza feminina” conta Maris que vem diretamente do Senegal onde fez um curso sobre dança contemporânea africana, com a bailarina Germaine Acogny, na Ecole de Sables.
Chris Alcantara buscou inspiração nas danças brasileiras para compor seu espetáculo. Foto: Laura Aidar
Para relatar a trajetória desta mulher forte, Chris Alcantara lança mão das danças típicas e folclóricas brasileiras como o bumba meu boi, o cacuriá e o tambor crioula. A coreógrafa mergulha no feminino brasileiro e traz ao palco elementos como a água, os símbolos próprios de Iemanjá como o espelho e a cor branca. Nem por isso, contudo, dispensa a tecnologia e utiliza de imagens projetadas em telão para recriar o ambiente de guerra e de paz. “Estes elementos da natureza estão presentes na vida feminina atual” reflete a bailarina “como as revoltas populares fazem parte do nosso cotidiano? São questões que desejo levantar para o público” questiona Chris Alcantara que se apresenta pela primeira vez em Madri.
A trilha sonora também reflete a diversidade artística da criadora e do percurso da personagem. “O DJ Tahira me ajudou a compor esta trilha” conta Chris Alcantara “fizemos este caminho do contemporâneo (jazz, massive atack) ao popular (cumbia, coco e ciranda) para dar a ideia de descoberta de si mesma e de agregação da personagem.” Chris Alcantara faz da cultura popular brasileira seu objeto de pesquisa desde 2000 quando começou a dançar em festas e brincadeiras. Esta dedicação se reflete no grupo de pesquisa em cultura popular “As Três Marias”, do qual é produtora.
Chris Alcantara. Foto: Laura Adair
Atualmente, Chris Alcantara concilia seu trabalho artístico como professora da rede estadual e no Instituto Entrando em Cena, em Atibaia-SP. Além disso, está ensaiando com um grupo de 15 dançarinos um Flash Mob onde trabalha a questão da diáspora negra pela dança. A coreografia traz músicas da série África, vol. 4 do DJ Tahira, e outras bem populares que tocam nas novelas e rádios.
Quem quiser ter uma prévia do espetáculo pode assistir este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=qlprpD4IToQ
Maris, Christina Alcântara
Onde? Teatro la Puerta Estrecha. Calle del Amparo, 94. Metrô Lavapiés ou Embajadores, L3.
Quando? 18 e 19, às 21 horas
Quanto? 10 euros
Juliana Bezerra escreve neste espaço e no blog Rumo a Madrid.
Sem Comentários